22 dezembro 2013

Uma palavra (pelo menos)

E numa única frase, numa única palavra, Suzana ruiu. As paredes vieram a baixo, a insegurança, o medo e o pânico de não ser quem sempre era lhe tomaram a garganta. E ela respira fundo, ela tenta empurrar tudo pro fim de si, ela fecha os olhos e pensa melhor.
Mas ela responde.
Ela tenta argumentar, tenta dizer que aquilo machuca, ela mostra as feridas e pede por favor. Ela tem a esperança de ser um mal entendido. Ela gosta tanto dele.
(Ela é patética).
Ele não liga.
As palavras dele são feito facas e ela tenta desviar, mas se corta. E ela não sabe bem o que queria, mas está decepcionada.
Ela esperava mais.
Ela esperava demais.
E ela tenta, ela fala baixinho, ela enche os olhos d'água e se convence que ele é assim, que ela tem mesmo que acostumar.
Ela não vê que ela merece melhor.
E aí ele dá a palavra final, ele emudece a conversa, ele faz a ameaça: ele diz que vai embora.
Suzana treme e silencia.
E ele diz que ela precisa se acalmar. Diz que não quer conversar se for pra brigar, diz que prefere não ouvir se ela se machuca. Ele diz que vai deixá-la sozinha.
(Ele não entende o peso dessas palavras).
E aí ela engole todas as frases. Cada letra, cada pausa. E aí ela engasga. Aí ela sufoca.
(Suzana nunca soube brincar de silêncio).
Aí ela vai embora, e bate a porta.
(Suzana também nunca soube brincar de solidão, mas é melhor se for por opção).

16 dezembro 2013

Rótulos.


E ela sorri quando eu me aproximo, e eu já sinto no peito a ansiedade que vem com os lábios. Ela é um pouco agressiva, um tanto hiperativa, mas eu sei como acalmá-la e fazer do meu jeito e deixar o nosso abraço suave. Já aprendi a lidar com toda essa energia que ela tem.
E eu junto nossos rostos e nossa respiração se mescla e ela me parece cheia de vergonha (feito sempre) e o rosto fica vermelho, tímido como toda vez.
- Você precisa acostumar com a gente, sabe.
Eu digo, como quem não quer nada, e ela sorri seu sorriso mais envergonhado, mais sem jeito, mais menina.
- Eu já acostumei com a gente. É com todo esse afeto que eu não sei lidar.
Ela brinca, tentando me enganar, como se eu fosse achar que ela está a vontade só por que ela tentou contar uma piada. Mas seu rosto ainda está vermelho e seus olhos ainda estão fugindo dos meus, e eu conheço muito bem aquela expressão neles, assim como a palma da minha mão. Eu digo a ela com todas as letras, conto que sei todos os seus segredos e ela consegue ficar ainda mais envergonhada, se encolhendo no nosso abraço feito criança.
Minha risada parece que vai morar em seus ouvidos.
- Você ainda está linda, não se preocupe. Se tanto, ficou mais meiga.
- Cala a boca.
Ela resmunga e fecha os olhos, e eu beijo as pálpebras cerradas. Ela suspira.
- Sou muito boba pra brincar de casalzinho.
- Não fala assim. Acho você uma namorada muito boa, apesar de tudo.
- Apesar de tudo? - Ela reclama, os olhos ainda fechados, mãos ao redor do meu pescoço. Ela guarda silencio por cinco segundos inteiros, respira devagar e abre os olhos pra mim e eu quero beijá-la mais, por que o seu sorriso aquece um milhão de partes de mim. Gosto de saber que ela só sorri assim pra mim.
Ela nem precisa fazer esforço pra fazer com que eu me apaixone mais.
- Mais calma?
- Você acabou de me chamar de namorada. Eu tô pirando.
Ela diz num tom de voz calmo e controlado. Não consigo guardar minha risada.
- Por que diabos? Achei que era meio obvio.
- Eu detesto essa modernidade e seus namoros implícitos. Eu gosto de palavras, de perguntas, de certezas. Então me dá licença enquanto eu sinto o gostinho do nosso novo rótulo, por favor.
Eu rio, e aperto mais meus braços ao seu redor. Ela repousa a cabeça na curva do meu pescoço e eu sinto que esse é o momento mais calmo que já tive na vida.
- Hey?
- O que?
Ela pergunta, a voz tão baixa e tão delicada que eu sei que ela também sentiu no ar nosso momento.
- Quer ser minha namorada?
- Achei que era óbvio.
É tudo o que ela responde, mas sinto seu corpo esquentar entre meus braços,e ela se põe nas pontas dos pés e me dá um beijo que parece parar o tempo.
Nunca fui tão grato por um rótulo como estou agora.
- Namorada, então.

29 novembro 2013

Mesa de bar.


A risada dela lhe ecoa pelos ouvidos e ele busca seu olhar por entre os inúmeros amigos, tentando guardar nem que seja só um pouco mais dela por aquela noite. Ela resplandece. Não pelas roupas, sempre discretas, mas pela felicidade que exibia, pelo riso que aquecia, pelas mãos que não paravam quietas sobre uma superfície, sempre buscando um lugar para repousar, se encontrar, se perder. E ele queria feito o inferno aproximar-se dela, ele queria com tanta força tomar aquelas mãos dentre as suas e prende-la pelo resto da noite num abraço que a evitava, permanecendo tão estático quanto podia no seu lugar á mesa, do outro lado das bebidas e risadas e do tom de voz que conseguia enlouquece-lo mesmo a distância.
Ele queria estar um pouco mais perto.
Ele queria estar dentro.
A noite avança, mas ela não para. Ela é energia pura e em certo momento já não se atém mais a mesa; passeia por entre as cadeiras com tanta naturalidade quanto se estivesse em casa, abraçando conhecidos e se perdendo nos olhos de amigos de longa data. Troca segredos e carinhos e afagos e mãos que tocam os ombros com tantos dos seus, que ele se sente um pouco abandonado, apesar dele mesmo tê-la evitado por grande parte da noite, se esquivando de seus olhares, seus encontros.
Mas ele morre de ciúmes.
Ele procura não olhar.
E quando ela finalmente chega, radiante, com seu sorriso e seu amor e seus segredos escapando por debaixo dos olhos brilhantes, ele não a evita e a convida para ficar por perto e passa os braços ao redor da cintura familiar, como se pudesse mantê-la consigo pra sempre. Mas ela é tão inquieta, ela é tão faceira que em pouco tempo já voltou ao caminhar e ele tem de deixa-la ir, por que não há nada que ele aprecie mais do que vê-la voar, pousando ao redor da mesa com um pássaro de verão, de passagem, de canto doce e olhos de chocolate. Mas ela volta, antes mesmo que ele tenha a chance de se acostumar com sua ausência, e ele não consegue evitar mais um vez puxar seus braços para seus arredores, tomando seu abraço entre o pescoço, ficando confortável onde pertence, mesmo que dessa vez seu corpo repouse em outros corpos. Ele pode ver seu sorriso de língua entre os dentes distribuindo segredos nos ouvidos das amigas, ele vê as próprias amigas oferecendo-lhe um colo, como guardiãs, como quem cuida de uma boneca. Mas ela não é boneca, é de carne, e ele quer estar entre ela, perto dela o tempo todo. E ele não sabe bem o que fazer pra ficar. Ele não sabe se tem direito de pedir.
Mas aí quando ela levanta e se prepara para alçar seu voo, talvez pra sempre, ele age por impulso: as mãos seguram a dela, segura o corpo, traz pra perto. Ele a abraça, meio sem jeito, sem ângulo, sem porquê, ele a abraça por que ela cheira tão bem e ele quer tê-la tão perto que qualquer outra coisa sente errado. E ela pausa, mas as mãos voltam e ela o abraça e ele não se preocupa mais com nada.
Está tudo bem.

Ele está com ela.

09 novembro 2013

Biográfico

Engole esse choro. Segura tudo com força, com vontade, com medo mesmo de deixar uma única gota de ti rolar. Você é forte, é firme feito rocha. Não se deixa ruir. Não se deixa quebrar. Não se deixa abater.
Fecha esses olhos e respira fundo, fecha esses olhos e tira da mente essas coisas que doem. Dorme, se preciso for. Descansa sua mente, seu coração, sua alma. Deixa o vento tocar nas dores que você não alcança e deixa carregar. Deixa ir embora.
Mas não chora, menina. Não chora, mulher. Você já é crescida, tem que aprender a aguentar o rojão, lidar com a tristeza, com a solidão. Tem que aceitar que as vezes ninguém quer, que as vezes a gente não merece, que as vezes a gente tem que esperar.
Confia, menina. Espera, menina. Vai melhorar. Você vai ver.

17 outubro 2013

sobre o aroma de café (e desejo)


A surpresa dura três segundos. A hesitação exatos oito. Mas ele sorri e ela revira os olhos, clichê, e ele a embala num abraço, ah, tão saudoso, que o suspiro lhe sai do peito e o gemido se perde dentro dele. Ele sabe que precisa se controlar, por que sabe bem demais que ela não tem controle.
Ele a afasta então, tão bruscamente que ela tropeça no sofá, levando os dois porta adentro de maneira natural. A desculpa se perde em seus lábios quando ele encara os olhos castanhos. Ele nunca viu nada tão escuro-desejo pairando ali antes. Ele nunca soube que ela o queria com tanta intensidade.
Ele engole em seco.
- Eu vim pra gente conversar.
Ele avisa, a voz meio falhada, meio rouca, meio "vem aqui e me deixa morder".
Ela arqueia as sobrancelhas, descrença em cada poro, e cruza os braços ao redor de si mesma como quem espera que ele comece.
Ele sabe muito bem que ela está guardando as palavras.
- Eu quero você de volta.
- Jotapê... Você já me teve e você não sabia o que fazer comigo.
- Mas eu aprendi e eu quero que as coisas sejam de verdade dessa vez. Eu, você, o sofá vermelho e a droga do café da tarde no sábado.
Ela sorri a contragosto, contrariada, por que ela é toda feita desses detalhes e pequenas tradições. E ele sempre fez pouco caso e usou pouca roupa, ele sempre foi displicente e blasé em tudo o que fazia dela, ela. Até que ela cansou. Até que ela foi ser ela sem ele.
- Eu estou enlouquecendo sem você. E eu entendi, você queria cuidar de você, mas você já ta inteira. Sempre esteve. Eu era o babaca de quem faltava o pedaço. Mas você já deu o recado.
- Cala a boca.
É tudo o que ela responde, e ele consegue enxergar muito bem o castanho-desejo virando desprezo. Ele suspira.
- Eu amo você, porra.
   O som é exasperado e as mãos correm os cabelos, os olhos mergulhando no corpo familiar e, droga, ele quer beijá-la de novo. Ele quer encostá-la naquela parede cheia de quadros que ele nunca viu e fazê-la ver a razão. E a razão é ele. Ele tem certeza que é.
- Amor nunca é suficiente, Jotapê. Você sabe. Você viu. Eu amava você também. E não rendeu nada além de meia duzia de copos quebrados, uns porta retratos que eu nunca quero ver de novo e umas lembranças pra deixar a gente amargo.
- Não é só isso. Não é só isso o que sobrou.
- Talvez não. Mas é o que é relevante. É o que me vem a mente quando eu lembro do nosso aparamento apertado, do corredor que viu a nossa pele nua mais de uma vez. Eu lembro das brigas, eu lembro dos sons abafados da gente se ignorando e da música alta demais. Eu não lembro de nada de bom.
- Mas e a faísca? E a droga do suspiro que eu engoli bem agora, que veio de você?
   Ela silencia. Não pode mesmo dizer nada. Ela arrepia só de lembrar. O toque, o carinho, os olhos nos dela. Ela poderia bebê-lo, ela poderia mergulhar em seus detalhes por horas. Ela o odeia por fazê-la querer voltar atrás com um só dedo contra a sua cintura.
- Isso passa.
   É tudo o que ela diz e ele se enfurece e ela encolhe, e ele se aproxima tanto que a respiração dela perde um compasso. Ela fecha os olhos e entreabre os lábios e o inspira.
Ele enlouquece.
Ela cheira a café e isso é tudo o que ele repara quando invade o respirar, invade a boca, invade o corpo da mulher que já não é mais sua. Ela não é mais de ninguém além dela mesma. Ela tomou as próprias rédeas, obrigado, e ele já não tem nenhuma parte dela, da vida dela, das palavras dela.
  O pensamento quase o entristece, saber que ela não é mais dele, mas ele suporta calado e a aperta mais contra o corpo pra compensar a falta que ela faz no peito, no vinho da meia noite, no jantar de domingo. A falta que ela faz o tempo todo.
- Volta pra mim, porra. Eu amo você.
   As palavras saem como um rasgo, um sussurro, um som tão profundo que ele quase sente a pele se romper sobre o desejo. Mas ela não abre os olhos e embrenha os dedos finos com força demais no cabelo liso demais e despenteado demais e desleixado demais que ela sempre, sempre adorou.
   Ele deixa que ela puxe, que ela machuque, que faça o que quiser. Ele deixa, por que não pode mais viver sem ela. O preço é tão pequeno. Sem ela dói tão mais.
  Ele sente o momento se estender, sente a chance surgindo e as palavras caminhando peito acima, respiração acima. Os lábios dela estão nos dele e ele não sabe bem de quem são as palavras que fecham o acordo.
- Promete que não me machuca? Que não faz da gente amargor e cinza nas paredes e nos cinzeiros?
- Eu te amo, porra. - Ele repete, e ela concorda com a cabeça, por que ainda não é capaz de pronunciar. Ela está juntando pedaços. - Eu prometo fazer da gente só cor. Eu prometo fazer da gente o que você quiser. Eu prometo fazer dar certo.
   E quando ela o beija em resposta, quando ela se inclina, quando ela o imprensa contra a parede com os quadros que ele nunca viu, por que ela mesma pintou, ela também sussurra, ela também sente a pele gritar todas as letras no desejo que ela não sabe mais conter, por que ele simplesmente a enlouquece: eu te amo, porra. 

10 outubro 2013

Olhos azuis.

- Ei você.
Ele me diz, baixinho, e eu não me aproximo por que não tenho certeza do que seus olhos exibem hoje. Tenho medo de suas meias palavras e incoerências. Estou sempre assustada com a possibilidade dele partir pra sempre, sem olhar pra trás, por que eu sou assim tão dispensável e ele é meu porto seguro.
(Patética até nos medos).
- Menino.
Eu cumprimento, e ele sorri, doce, e eu me deixo aquecer e enganar por um segundo. Não dura muito.
O silêncio cai entre nós pesado feito ferro e eu fecho meus olhos, sabendo antes de pronunciar que minhas palavras serão uma acusação em seus ouvidos. Não posso evitar, mesmo assim.
- Você tem andando silencioso. E eu tenho falado muito.
- Não é sempre assim?
Ele brinca, mas seus olhos escondem uma crítica.
(Tem dias em que eu odeio lê-lo com tanta facilidade).
- A gente costumava dividir. E se está tudo bem e você tem dormido o dia todo, tudo bem, se você não tem nada pra me dizer, mas...
- Eu tenho tirado tempo pra escutar você, não tenho?
- É claro.
Eu digo, mas minha língua guarda o "não, não de verdade" que eu queria dizer. Ele me lê, também.
- Não é nada. É só... tem sido um pouco demais. A negatividade, eu quero dizer. Você tem se desesperado por tão pouco, esses dias.
As palavras me ferem um pouco. É verdade, mas ele nunca se incomodou. Eu sempre me desesperei por pouco. Eu sempre fui um poço de loucura.
(Era o que nos unia).
- E é por isso que eu te digo tudo. Eu tenho pirado.
- Eu sei.
É tudo o que ele diz, e dessa vez a reprimenda está tão óbvia que sinto uma pontada peito adentro. Desvio meus olhos.
(Ele me lê, ele me lê).
- Não, não faz assim. Eu ainda estou aqui e eu ainda te escuto, mas eu...
- Não está mais tão interessado. Você está bem agora, obrigado, e eu estou ficando louca e chorando sozinha.
- Eu tento, ok? Eu só não consigo mais ser cem por cento. Eu já não entendo tudo. Não quer dizer que eu não me importo.
Cada palavra é uma lufada de ar a menos nos meus pulmões. Não consigo acreditar que ele está me negando o abrigo que ele sempre foi. Me viro, por que não aguento mais ler seus olhos azuis, sua postura, seus lábios contraídos, sem resposta. Não tem volta, não tem caminho. Minha insanidade agora pertence só a mim.
- Eu fico feliz que eu tenha ajudado você. Fico feliz de você estar fora da minha loucura, da minha dor.
Ele sente minha solidão em cada letra. Eu sei, por que posso sentir o gosto amargo dela correndo por meu rosto. Percorrendo minhas veias sem direção específica. Se espalhando devagar na minha consciência.
Ninguém mais me entende.
- Eu te ajudei, não foi?
- Você me salvou, baixinha. E eu sinto muito que eu não possa fazer o mesmo. Mas eu ainda tô aqui, tá?
E eu me viro e o abraço e gargalho enquanto choro, por que sabe lá o que vai ser de mim agora. Sabe lá onde vai ser seguro agora que eu perdi o porto nos olhos azuis de sempre.

26 setembro 2013

Meia Noite

         Ele se cala por um segundo (eu me calo por um segundo) e a gente se cala pela eternidade. Eu não tenho mais mentiras pra dizer. Minhas verdades tem pingado por meus poros. Minhas palavras tem saído em meio a lágrimas.  Você acha que eu exagero, você me diz rudezas, você não acredita mais em mim e, nessas noites, toda minha água me deixa aos borbotões. Nossos gritos ecoam na noite, acordam os vizinhos, sacodem as paredes. Nossas portas batem e meu coração vai contigo, corredor afora, rua afora, cidade adentro. Você me deixa e eu ocupo seu lugar na cama, sentindo o cheiro de nós dois que você deixa pra trás quando se vai. É que a gente é muito um do outro pra não ter aroma de nós dois, no plural. Não sei como fica o cheiro da minha pele quando você não está comigo. Não sei o que é ser singular. Não lembro mais.
         Nossas conversas tem matado cada vez um pouco mais de mim e eu já não tenho sido ninguém. Minha personalidade se desfez e desapareceu em fumaça. Meu riso morreu em ecos da gente e se eu me olho no espelho, não sei quem é a mulher apagada, esvaída, descolorida que me encara de volta. Tão diferente da menina que se casou por amor com um homem que ria fácil.  E aí fica difícil (tão difícil que eu acho que não é real, as vezes).
         As coisas se tornaram tão complicadas, as coisas andam tão solitárias (E eu sinto tanto a tua falta, as vezes, que caminho pé ante pé até aquela caixa de lembranças e redesenho tuas letras e tuas cartas sempre me fazem chorar. Você de lembrança é melhor que você do quarto ao lado). (Volta pra mim).
         E eu fico me lembrando das nossas meias noites antes dos gritos, dos cigarros, das doses de Whisky fora de hora pra ajudar a descer o amargo do nosso amor que foi morrendo. Eu me lembro da gente das taças de vinho, do macarrão com cara de alta sociedade que você fazia vestindo só o avental e o sorriso, e da conversa doce e lenta e cheia de olhares e luz de velas que a gente dividia até o amanhecer. Eu lembro da gente quando ainda era amor e toda palavra não acabava em dor e suor e lagrima e você me deixando pra encarar a porta marrom que bate, que bate, que bate (em mim, que fico pra trás).
         Eu me lembro das nossas meias noites de doçura. Eu me lembro de tudo antes do silêncio (de mim, de você, da gente pra eternidade). Eu me lembro da gente antes da morte. Eu me lembro da gente antes de tomar o comprimido que termina com tudo. E eu me lembro da gente enquanto encaro o teto. E eu me pergunto se o fim de mim vai ser suficiente pra que você se lembre também (anda tudo tão complicado, afinal de contas).
         E o relógio bate meia-noite.

        (E eu espero que a morte seja doce e que não doa mais saudade).

21 setembro 2013

Virtual II (Ou Skype)

 

E enquanto minha cabeça pesa sobre o travesseiro, a inconsciência cada vez mais próxima, ainda consigo escutar sua voz dizendo uma porção de besteiras. Se tivesse forças, se tivesse um mínimo de energia, poderia dar uma risada, levantar a cabeça e te olhar nos olhos, mas não consigo. É tarde e eu estou cansada. Vai ter que ficar pra amanhã. Pra outro dia.
- Ah, não, você está pegando no sono!
Sua voz me acusa.  Eu sorrio e me mexo de qualquer jeito, só pra deixar claro que ainda estou consciente – apesar de por pouco tempo. Sua voz parece feita de paraíso quando você pergunta:
- Você que quer desligar?
- Fala comigo.
Eu peço, sem falsa carência. Sempre te quero um pouco mais.
- As vezes eu acho que você abusa de mim.
Você me diz e eu rio, de verdade, por que eu sei que acontece. Você é muito bom, e eu sempre me deixo levar nos meus pedidos, nas minhas vontades. E você me deixa, vai junto, embarca comigo. Você também não tem jeito e é tão culpado quanto eu (você me mima demais).
- Acho que sempre quis ter um momento desses em que a garota cai no sono e o garoto está ali, olhando, absorvendo, observando. E mesmo que não seja bem isso, que não conte direito, nós ainda somos garoto e garota caindo no sono, lado a lado. Mesmo que apenas virtualmente. Mesmo que não de verdade.
- Você é muito romântica pro seu próprio bem.
Você responde, mas se ajeita na própria cama, do outro lado do mundo, como quem sabe que não pode discutir. Você sempre me deixa ter as coisas do jeito que eu quero.
Encolho meus ombros.
- Nunca neguei essa realidade. Sou romance em carne e osso.
- Achei que eu não fosse o seu tipo de cara pra romance, no entanto.
- Você é. – Eu admito, e você sorri, eu sei, por que posso ver suas bochechas se dobrando daquele jeito familiar.  Apresso-me a corrigir. – Mas você é o tipo de cara errado. O outro lado do mundo é longe demais, sabe como é. E, como se não bastasse, você é meu melhor amigo.
- Você sabe como pisar nas esperanças de um cara.
- Outro lado do mundo.
Eu repito e eu te vejo concordar com a cabeça, cansado, do outro lado da tela. Nós já tivemos essa conversa antes.
- Você ainda é minha maior crush.
Você diz, e o tom é brincalhão. Não é a primeira vez que escuto essas palavras. Hoje em dia, no entanto, não sei mais quando te levar a sério.
- Você está na lista das dez mais. - Eu respondo, displicente, e você paralisa, os grandes olhos azuis próximos demais da tela do meu celular, a boca aberta num “o” surpreso. - O quê?
Você leva um segundo inteiro pra responder, o sorriso muito mais pronunciado tomando o rosto devagar.
- É a primeira vez que você admite. – Meu silêncio não é muito revelador: não estou entendendo nada mesmo. Mas você esclarece: – Que eu sou uma crush. Você vem negando por séculos.
- Ah, sim. Bem. Não vejo por que ficar segurando essas coisas. Acontece. Mais ou menos. Quero dizer, a gente se põe pra dormir quase toda noite. Não dá pra ficar mais platônico que isso.
Você concorda com a cabeça, mas o riso ainda é meio bobo, meio vencedor. Eu faço careta, sem emoção.
- Ou você volta a falar ou eu desligo. Você está estragando completamente minha cena romântica aqui.
- Ora, perdão. Foi que você acabou de completar a minha.
E eu reviro meus olhos e faço qualquer comentário sarcástico, e você ri e a nossa conversa continua, como sempre, até eu fechar meus olhos e me deixar embalar pelos sonhos. Quando eu acordo, pela manhã, nossa sessão ainda está aberta. Você me observou, me absorveu, por metade da noite. E eu posso ver seu eu familiar assomando na própria cama. Eu também posso te observar. Te absorver. Me apaixonar (mas não de verdade). A gente funciona bem assim, eu e você, virtualmente.

20 agosto 2013

O topo da montanha russa.


- Você calou minhas letras.
 Eu digo sem tom, minhas mãos segurando o rosto, apatia fluindo de mim.
- Desculpa?
É tudo o que ele me responde, os olhos verdes brilhando lá do outro lado da cozinha onde ele está sentado com sua caneca de café entre as mãos. De algum modo, ele não me parece muito como café. Sente mais como água, como líquido fresco, como algo natural. Posso senti-lo fluir ao meu redor e fecho meus olhos, indignada.
- Você não deveria calar minhas palavras. Você deveria inspirar. Olhos, pele, mãos nas minhas. Você devia ser a inspiração em carne e osso.
Ele segura o riso e sorri, quase sem graça, quase sem jeito. É adorável demais para que eu não aprecie. Dou um passo em sua direção.
- Por que você faz isso?
- Não tô fazendo nada!
Ele diz e eu reviro meus olhos, como se estivesse exausta, exaurida, farta. E estou. Estou cansada de encarar minhas folhas por horas, as páginas em branco me julgando pela minha ausência, minha falta de sentimento que pinga em letra.
E a culpa é toda dele e desse rosto muito bonito para querer estar assim tão perto do meu.
- Vem cá.
Ele pede, voz doce, sedução pingando de cada sílaba. Quero mordê-lo. Quero abraçá-lo. Quero espancá-lo por calar minha mente de forma tão efetiva. Ele é perfeito demais.
- Não. - Eu digo, mas dou alguns passos em sua direção assim mesmo. Parece automático. - Eu quero que você vá embora. - Eu digo, parando meus pés quando já estou ao alcance da mesa em que ele está sentado.
Ele levanta uma sobrancelha, como quem duvida.
- É mesmo? Achei que eu fosse sua... inspiração.
- Você devia ser. Mas não é. Na verdade, a culpa é toda sua que eu já não consigo desenhar uma única palavra no papel. Você é meu silêncio.
- Cala a boca. - Ele diz, como sempre faz quando não consegue encontrar a expressão que precisa. Ele ainda não está a vontade com minha língua, minhas palavras, meu idioma, embora o meu e o dele sejam assim tão parecidos. Gosto de vê-lo titubear nas palavras, no entanto. Faz com que pareça vulnerável. Faz com que ele pareça ainda mais adorável.
Ele encontra meu olhar observando-o atentamente, cuidadosamente, e também revira os olhos. Pousa a caneca na mesa, ainda parecendo indignado que eu o queira mandar embora. Pra ser sincera, parece loucura pra mim também.
- Eu nem sabia que você escrevia. Sobre o que você escreve, de toda forma?
- Romance. Bobagens. Sentimentos. Escapes.
- Combina com você.
Ele admite, estendendo a mão em vão para tocar a minha. Ainda estamos longe.
- Não faz diferença. Você está calando tudo.
Ele então suspira e inclina a cabeça e, de repente, toda sua desconcertante perfeição parece gritar com meu sistema nervoso. Sei que preciso desviar os olhos, mas não consigo me forçar. Ele sorri então, e metade de mim derrete e minha expressão torna-se quase dolorida.
- Você meio que é bom demais. Não tem muito o que escrever sobre, não tem muito mais o que imaginar.
Eu confesso, e ele parece se irritar novamente.
- Cala a boca. - Ele repete, se levantando num movimento fluído - como água, como líquido - e se aproxima de mim. Suas mãos envolvem as minhas antes que eu tenha a chance de sequer pensar em evitá-las. - Você não precisa realmente escrever essas coisas. Eu tô aqui. Você pode viver essas coisas.
Estou tendo dificuldade em me concentrar em nada que não sejam os lábios rosados perigosamente perto demais dos meus. Ele então me aproxima ainda mais, dobrando meus braços ao seu redor, fazendo com que minhas mãos, nossas mãos, parem exatamente acima de onde suas costas mudam de nome. E ele é perfeito entre meus braços, ele é perfeito a minha frente. Posso quase sentir cada um dos seus músculos contra a camiseta. Meus olhos se fecham e eu escondo uma pequena prece.
Eu o odeio.
Mas não de verdade.
- Mas escrever faz parte de mim.
Eu digo, minha voz pequena contra seu rosto, nossas testas num esforço tímido para permanecerem unidas. Ele morde meu queixo, e posso escutar a risada baixinha penetrando meus poros.
- Eu também.
- Não é justo.
Eu digo, e meus braços o abraçam com mais vontade, e eu me deixo repousar em seu corpo. Não tento manter meus pensamentos coerentes, por que assim tão de perto não é mesmo possível. Ele é demais pra minha sanidade, já tão escassa.
- Desculpa. - Ele pede, e soa sincero. Eu deixo sua voz soprar meus ouvidos, e ele desenha padrões nas minhas costas, distraído. - Mas eu não vou embora. Você é muito linda. Muito minha pra deixar partir.
- Você é bom demais pra mim. - Admito, culpada, e sinto seu rosto movendo-se em negativa contra minha pele. - E estar com você é tão pacífico que eu não consigo desenhar um nada do ao redor. E isso é um pouco perturbador, está fora demais dos meus padrões pra ser verdade. É como se eu estivesse subindo esta ladeira desde sempre, e de repente já não tem pra onde ir e eu não sei lidar com isso direito. Não sei lidar com você.
Sinto-o suspirar contra minha pele, e me arrepio. O aperto mais um pouco contra mim, só por que é confortável. Ele se aventura a morder meu pescoço, e eu me encolho. Ele deposita um beijo, entendendo meus medos quase melhor que eu - mas como é possível em tão pouco tempo, jamais saberei.
- Pensa assim: eu e você somos estamos lá em cima no que você chama romance. E já está bom, não precisa de letra nem nada. Não precisa pintar, não precisa escrever. Tira uma foto, se quiser guardar. Mas ainda acho melhor só eu e você, só viver devagar, enrolar minha mão na sua, sua cintura na minha, seu calor no meu. E não é ruim. Juro que não é ruim.
Eu fecho meus olhos e me descolo um pouco só pra ficar de frente, pra sentir o respirar e tentar ter certeza, absorver a sua certeza, tentar acolher no meu coração a ideia de deixar de lado, depois de tanto tempo, as minhas canetas e lápis e folhas. Sente certo, mas parece tão errado. Estou assustada com a ideia de deixar as faces que desenho apenas para observar a sua. Tocar a sua. Beijar a sua. Estou apavorada com a ideia de que, no alto da montanha russa de nós dois, eu esteja no pico e vá cair sem conseguir alcançar minhas letras.
Suspiro.
- Que se dane. É bom, nós dois. Vou viver isso, um pouco. Vou reservar minhas canetas um pouco. - Ele ri, e um tímido "é isso aí, cala a boca" escapa de seus lábios. Eu também dou risada, incapaz de me conter.
- Não se preocupa tanto. Prometo que não vou deixar você cair daqui de cima. A gente pode ficar no alto das suas expectativas e dos seus romances e tudo.
- "Uma montanha russa que só vai pra cima". - eu cito meu livro favorito, e você sorri, mas não sei se reconhece o autor. Não sei se faz diferença agora. Não sei de nada quando estamos tão perto. - Você não devia mesmo fazer esse tipo de promessa.
- Cala a boca. Não tem nenhum problema se eu estiver disposto a cumprir.

12 agosto 2013

27 de Julho de 2012.



"Amoreca, feliz aniversário! é muito mega estranho pra mim não estar com você hoje depois de passar anos e anos em sua companhia no dia do seu nome, mas superarei por que você está acompanhada de amigos que não são eu, mas que eu sei que estão cuidando de você por que eu os ameacei a fazê-lo (espero que você tenha passado essa ameaça adiante, eu super não estava brincando).
Estou aqui sendo linda e dizendo que te amo e te desejando muitos anos de vida por que você é minha melhor amiga, a mais querida e mais amada e mais peituda, e você sabe perfeitamente que eu só te desejo o melhor, e torço por você e faço figa e dança da chuva pras suas vitórias e felicidade desde sempre - ou quase isso, por que você tem essa cara de pessoa insuportável e era muito difícil te amar no começo - mas eu te amei assim mesmo e morri de ciumes de você com todo mundo, por que eu sou dessas. Mas os anos passaram e você ficou fofa, com cara de fofa, aprendeu a sorrir e a falar o que sente e a fazer mais amigos e a ter paciência, mesmo quando você quer estrangular todo mundo por que nós somos tão dramáticos e ridículos.
E eu só quero que você continue essa mesma coisa fria e calculista de sempre (muito embora você nem seja mais), sendo cachorra e tal, por que essas historias eu vou contar pros seus filhos e pros meus filhos e pros netos deles (vou viver anos, repare) e vou ficar cutucando você pra vida enquanto faço isso, por que eu sei que nós vamos ser aquelas velhas divertidas que ficam falando do passado pros parentes e que são amigas pra sempre (ai de você se não for).
Viva muitos anos, amiga, pra ser minha amiga e pra ser amiga de muitos outros, (por que essa pessoa linda e quase fofa que você é e fica fingindo que não é tem mais é que ser distribuída pra todo mundo - mas por favor, separe um espaço pra mim na sua agenda lotada, ;p), seja feliz e fique sempre onde eu possa te alcançar pra te dar um abraço quando você precisar, quando eu precisar, quando a gente quiser. Te amo terrores e espero que você esteja curtindo todas aí no maranhão com os engenheiros gatos, já que não pode curtir todas comigo. Só não esquece de guardar um pra mim, asyagsgys"

Na época, escrevi aqui no rascunho e postei no facebook. Mas acho que, mais de um ano depois, estou autorizada a salvar pra posteridade no meu pedaço de infinito. Afinal de contas, essas histórias com a melhor amiga a gente tem que preservar.

07 agosto 2013

Eu e eles é a mesma coisa.

As pessoas fazem as mesmas coisas e sentem quase as mesmas dores e caem nos mesmos lugares e falham as mesmas falhas e é quase engraçado como eu me vejo por aí em corpos que não habito, que não se parecem comigo, mas que são eu, por que é tudo igual e dói igual e parece igual, mas tá todo mundo tão sozinho que estar juntos no mesmo lugar (dolorido) já não quer dizer nada. Nada mesmo.

04 agosto 2013

João Pedro

A primeira coisa que sinto quando volto à consciência são seus olhos sobre mim. E não preciso realmente abrir os meus ou procurar os teus para saber a direção em que olham ou os detalhes que apreendem, por que posso sentir o calor que emana de você bem acima, bem ao lado, bem por todo lado de mim. E é reconfortante te saber tão perto e é estranho te saber tão atento. Ainda é tão cedo, ainda estou tão desarrumada, tão desacordada, desalinhada demais pros seus olhos apaixonados. Ainda não estou a altura do teu verde, do teu dedicar.
Tenho vergonha das minhas falhas e me encolho, como que por reflexo, querendo tirar seus olhos de mim. Mas você me conhece bem demais e sabe tão bem quanto eu meus motivos mais escondidos. Sinto seus dedos correndo pela minha pele no carinho pausado, calmo, tranquilo de quem não se importa com minhas falhas. De quem me acha linda.
- Você está fazendo de novo.
Acuso com voz monótona, apesar do calor que corre o peito por dentro, da inquietude que é você no meu coração assim tão perto, assim tão cedo. E eu ouço antes de ver que você está rindo, e o som assim tão pela manhã parece mais claro e natural que os pássaros do lado de fora da janela.
- Não estou fazendo nada.
- Você estava me olhando dormir. De novo. Mesmo depois deu ter pedido pra você parar, por que é super creepy.
- Não é nada creepy.
Ele nega e, apesar do tom chateado, os olhos verdes estão sorrindo.
- Claro que é! Você está aí, com essa cara de bobo, com esse sorriso estampado, admirando minha inconsciência.
Ele ri e o som desperta animaizinhos no meu estomago. Borboletas? Tente elefantes.
- A culpa não é minha se você é linda. Você não tem ideia do que são seus cachos pelo travesseiro, seu sorriso enquanto sonha. Só eu sei.
Me viro de lado como quem tenta escapar, por que não sei bem o que fazer diante de elogios, nunca soube, e quando vem de você fico ainda mais sem graça, por que posso ver nos seus olhos que é tudo verdade. É esse seu verde-piscina, esse azul-fingindo-que-é-mar que me tira demais de mim, dos meus sentidos, da minha sanidade. Não sei como agir contigo. Não sei parar de sorrir.
- Para com isso. Está muito cedo pra me deixar assim tão sem graça.
- Bem, você pediu por isso.
- Não é verdade.
Eu digo, e você sorri aquele sorriso travesso e eu sei que é uma péssima ideia discordar de qualquer coisa, por que você está sempre certo quando sorri. Sacudo minha cabeça, vencida.
- Como você faz isso?
- O que?
Você pergunta, imagem da inocência, e eu não consigo conter o meu riso, o meu gargalhar. Ainda é tão cedo e já estou aqui, amando você com tanta ênfase que meu peito eclode em sorrir.
- O que eu fiz pra merecer isso, hein? Seis e quinze da manhã e eu descabelada, desacordada, esquisita, esparramada e atontada e ainda assim vítima desses holofotes verdes cheios desse... – Suspiro. – É demais, apenas.
Você sorri e se inclina e meus olhos se fecham quando nossos rostos se tocam, e seu nariz acaricia minha pele e sua respiração cumprimenta meu respirar e eu sinto que te amo tanto que as coisas chegam a sair um pouco do lugar. Mais um riso escapa de mim.
- Bom dia.
Você diz, e nenhuma outra palavra é necessária.

- Bom dia.

20 julho 2013

Sobre exclusividade.


- Eu não achei que você quisesse namorar.
Ele resmunga.
- Bem, você devia querer. Não é você quem diz que me ama? Não foi você o primeiro a dizer, a me fazer acreditar?
- Mas você sempre reclamou tanto da coisa do relacionamento de verdade, do namorado ciumento, das amarras, dos protocolos. Eu só não queria perder você pra uma besteira feito um título.
- Isso não faz nenhum sentido. Não conheço nenhum cara que tenha perdido uma mulher por que oficializou as coisas. E eu ainda não entendo onde ela entrou nisso.
- Você tem medo de relacionamento sério. – E, ao ver que ela retrucaria, ele se adianta - Não adianta negar; você sabe que é verdade. E quanto a Luana... bem, eu sou obrigado a admitir, ela me balançou quando veio de conversinha. Quero dizer, nós namoramos por mais de dois anos... Mas já faz tanto tempo. Ela queria dar outra chance pra gente, levar devagar. Ela queria ver se eu tinha mudado. E eu tinha. Por você.
- Eu não mudei você pra ela. Eu queria você pra mim.
- Eu sou seu.
- Não é. Você é nosso. E eu quero exclusividade.
- Por que você não disse antes?
- Sete meses, André! Era de se esperar que você já tivesse pegado a dica, não?
- Mas você continuou!
Toda a expressão dela se fechou num beicinho e ela mordeu o lábio, segurando a própria raiva. As palavras escapam, no entanto, tão doídas que ele não conseguiu evitar alcança-la, tocando qualquer pedaço de pele que pudesse.
Ele só queria estar com ela.
- Dói ficar longe de você. É ridículo, eu sei, mas é quase físico. É impraticável. Eu simplesmente não consigo, ok?! Eu tento, juro que sim, mas não adianta. Eu te dou um gelo, te ignoro por dias e fico me lembrando que é o melhor pra mim, que eu mereço mais do que o que você me dá, mas eu sinto falta demais da sua voz no meu ouvido, das suas ligações nos horários mais descabidos e das suas mensagens sacanas. E eu sei que não pode ser saudável, mas é apavorante ficar sem suas bobeiras, seu corpo perto do meu de manhã, seu café horrível na tarde do domingo. E eu quero você, mas eu quero inteiro.
- Eu estou sempre por inteiro com você, Lú.
- Mas eu quero você sempre. Eu quero poder te ver a qualquer hora, te ligar sem o peso de imaginar se você está com ela ou não.
- Então acabou. Acabou eu e ela, agora somos só eu e você.
- Você jura?
- Pelo que você quiser.
Ela suspira de novo, olhos fechados, expressão consternada. Ele se aproxima mais, se arrastando devagar pela cama, passa os braços ao redor do corpo familiar, a aperta bem sobre o peito e se certifica de que ela está bem ali, onde ele pode alcança-la. A essa altura, depois de tanto tempo, ele já não pode deixá-la. Não consegue.
- Diz de novo. Diz que é só a gente agora.
- Eu e você. Só eu e você.
- Só eu e você.
Ela repete, e dos olhos fechados corre uma lágrima. Mas ela acredita. Ela sempre acredita.
E de repente, dessa vez, é de verdade.

12 julho 2013

Essa coisa cor de rosa.


- Você tem andando bem informal, hã?
Ele meio que diz, meio que cobra, e eu não sei bem onde quer chegar com isso. Meus olhos correm o quarto enquanto penso numa resposta. Não sei o que dizer.
- Eu não devia?
- Bem, não é isso. É só que, eu não sei, você perdeu aquela aura de poesia que você tinha antigamente. Você perdeu aquele tom de rosa que parecia flutuar ao seu redor.
Coço meus braços nus, de repente sentindo a necessidade de um cigarro. Ou de um chiclete, sei lá.
- Isso não faz nenhum sentido.
- Bem, sim. E não. Quero dizer, a quanto tempo a gente se conhece?
- Sei lá. Quatro anos? Seis?
- E você era toda sobre letra e rima antigamente. Agora parece que secou, que murchou. Agora você é... normal?
- Você só me conheceu melhor, é tudo. A gente não era íntimo todos esses anos atrás. Você só via uma parte de mim. Você só lia uma parte.
- Mas... eu gostava daquela parte. Onde foi?
- Não seja bobo. Eu sou a mesma pessoa. Mais ou menos. Eu só me aproximei. Hoje em dia você pode tocar meus segredos e dedilhar minhas letras bem onde elas surgem, onde elas se formam. Hoje em dia você tem a chance de me abraçar e impedir as palavras de rolar peito afora, feito cachoeira de sangue. E isso é uma coisa boa.
Ele hesita.
- É claro que é. Quero dizer, nós estamos juntos, não é?
- Tipo isso.
Eu digo, incapaz de dar-lhe uma resposta concreta. Essa coisa de rótulo e compromisso me escapa das mãos muito rápido e eu gosto de conter meus sentimentos. Gosto de estar no controle.
- Você está fazendo de novo.
Ele acusa mais uma vez, e meus olhos buscam os dele dessa vez, incapaz de evitar buscar na fonte a reposta pra minha curiosidade.
Ele não está sorrindo, e a visão é um tanto quanto surpreendente.
- O quê?
- Sendo informal. Guardando sua poesia só pra você. Guardando suas letras e seu cor de rosa. Guardando de mim.
- Acho que você está sendo infantil.
- Acho que você está mentindo pra mim. Que está guardando sua poesia por que não quer que eu me aproxime. Acho que você tem medo de me deixar ver o que corre por dentro das tuas veias. Acho que você é uma covarde.
E minhas palavras morrem, por que é verdade, mas ele não devia ter dito. Tem coisas que não devem ser ditas por ninguém. Tem coisas que a gente simplesmente leva.
- E eu acho que você é um estúpido. Que não consegue ver ou entender ou desenhar o que vai nas margens de mim, por que é demais pra você. Você nunca pode, nunca conseguiu entender as palavras que desenhei na minha pele, nos meus olhos, nos meus cabelos. Eu vazo pelos meus poros, eu pingo, eu escorro pra longe da minha sanidade quando em poesia. Então não venha me apontar dedos e exigir que eu faça de novo.
Ele não responde. Eu o ignoro. Caminho pelo quarto sem pudor, e desenterro uma embalagem de cigarro do fundo da terceira gaveta. Posso quase sentir a reprovação dele atrás de mim. Acendo um sem cerimônia alguma, e me perco na sensação por preciosos segundos.
E lá se vão meus três meses sem nicotina.
- Se você precisa mesmo saber, é muito melhor quando você me cola, quando sua presença faz pressão nos meus cortes e eu não sangro a dor que eu não preciso sangrar. É muito melhor ser informal. É sinal da minha sanidade.
Sei que o batom que ainda uso deixará marcas no papel, mas aperto os lábios em torno do cigarro pra calar o verbo que corre por dentro assim mesmo. Não quero me deixar esvair. Tenho muito medo do que ainda pode jorrar. Meu amor, minha dor, minha confusão e hesitação. Não, não posso jorrar. Já faz tempo que não posso.
Ele me abraça então, cigarro e tudo, e está tão feliz que posso sentir seu sorriso contra minha pele, como um veneno. Muito pior que a ponta acesa contra meu ombro.
- Obrigada.
Ele diz e eu me sinto quebrar um pouco, me sinto usada, me sinto recurso. Fecho meus olhos pra evitar a água que se faz em mim.
- Eu não nasci poeta, sabe? Eu me fiz poeta por dor. Então não me pede pra rimar, pra escolher palavras ou brilhar uma cor do seu espectro de felicidade. Eu sinto tão menos quando estou em tom de cinza. Quando estou em frequência com o mundo, com você. É azul pra mim, é colorido, eu juro. É paz.
 - Obrigada.
É tudo o que ele repete, satisfeito por eu falei, por que dividi, por que rimei, por que me desfiz em minha prosa desritmada e cheia de vírgulas. E eu sei que não acabou. Por que pra ele o amor é cor de rosa, é poesia, é beleza e paixão e rodopio de cores num céu de fumaça indistinta. E pra mim amar é paz, é silêncio, é cinza, quase branco, é ausência de doer e fumaça e poesia. Pra mim a gente é paz no abraço, no café na cama, na parede branca sem quadros ou ornamentos do meu quarto, que ele sempre quer pintar, mas nunca escolhe a cor. E eu achei que ele deixaria pra lá, mas eu sei melhor agora, nós nunca combinaremos. Ele vai querer por azul nas paredes e portas e eu vou chorar quando acordar querendo nuvem e meu quarto for apenas céu.
Acho que ele é daltônico pra minha paz.
Ah, maldita poesia. Me levou outro amor.

01 julho 2013

Impossibilidade


- Você precisa mesmo ir embora agora? - Ela pergunta, hesitante. Ele nem ao menos se move, entretido demais com a curva do pescoço dela para se deixar distrair. Suas palavras de resposta saem abafadas contra a pele quente. 
- Eu gostaria de poder ficar. De verdade. Mas preciso ir.
- Fica só um pouco mais.
- Eu não posso.
Ele replica e se afasta, catando as roupas pelo quarto de maneira displicente. Ela se ajoelha sobre a cama, a expressão pedinte.
- Mas eu quero mais de você.
- Nem sempre as coisas são como a gente quer, princesa.
- Você tem me dito isso vezes demais.
Ela diz, cruzando os braços feito criança e sustentando um olhar teimoso, rebelde, tão cheio dela que quase faz ele rir.
- E você tem feito essa cena vezes demais. Você sabe que eu não posso ficar.
- Eu só queria que você demonstrasse, pelo menos um pouco, que queria ficar comigo aqui. Que, se pudesse, me amaria pra sempre e essas babaquices.
E aí ele sorri e, ainda sem a camisa que repousa em algum lugar perto do corredor, se aproxima devagar, com os olhos castanhos brilhando o maior amor que ela vê em semanas. Ela mantém o beicinho, no entanto, e ele ergue seu rosto, trazendo-a para perto, os dedos carinhosamente segurando seu queixo e elevando-a para um estado de espirito oh, tão beijável.
- Eu vou te amar pra sempre e essas babaquices. Só não pode ser agora. Só não pode ser ainda. Você sabe bem como as coisas são: seu pai me detesta, meu emprego é uma merda, a faculdade tá me matando e eu preciso cruzar duas cidades pra te ver. Mas vai dar certo, princesa. A gente sempre dá.
- Eu tô cansada de esperar. De ficar com você escondida, de ter que te contrabandear pra dentro e pra fora da minha casa, das minhas paredes, de mim.
- Você quer desistir?
E ela estaca, o peso das palavras dele sacudindo tanto seu peito que ela tem medo de quebrar. Ela se inclina e o beija então, impulsivamente, desesperadamente, quente. Ele a segura com cuidado, os dedos ainda correndo o carinho pelo rosto, o gesto pausado demais pra intensidade dela. Ela não consegue parar de beijá-lo.
- Não.
É a unica palavra que lhe escapa entre os beijos, e ele sorri e ela o abraça, o desespero parecendo escorrer enquanto as peles se tocam. E suas unhas o arranham por um segundo, mas ele não diz palavra por que gosta, por que se sente especial sabendo que ela se marcou na pele das suas costas.
Ele suspira o contato intimo demais, querendo mais dela outra vez. Mas não pode. Tem que ir embora. Já é quase dia, de todo modo e ele tem que trabalhar logo mais.
- Você vai precisar me deixar ir, eventualmente. Já é quase hora do seu irmão bater na sua porta, além do mais.
- Ele que vá…
Ele ri e ela suspira, tornando leve, finalmente, o toque e o ar em volta deles. Ele deposita um beijo em sua têmpora e ela sorri, conquistada, apaixonada, derretida.
- Quando você volta?
- Eu não sei. Quarta-feira? - Ela geme, infeliz e ele morde o lábio, para não mordê-la. - Eu te ligo.
- Eu te espero.
Ela sussurra, e ele a beija uma ultima vez antes de se afastar. Calça os sapatos de qualquer jeito e se aproxima da porta do quarto, dando uma olhada cautelosa no corredor pra garantir que o irmão, com quem ela divide o apartamento, ainda está dormindo no próprio quarto. Ele ri da infantilidade da situação por um breve segundo e depois de, finalmente, colocar o corpo pra fora do cômodo (e localizar a camiseta, desleixadamente jogada contra a porta do banheiro) ele se vira, incapaz de evitar:
- Eu te vejo?
- Não se eu te ver primeiro.
E com um ultimo sorriso que parece gravado a fogo nas retinas dela, ele vai embora.

23 junho 2013

Fadiga


- E se você quer saber, eu tô cansada. Cansada de ter que me explicar, de ter que engolir minha tristeza, de ter que disfarçar. Tô cansada de sentir tudo isso e não ter o que fazer, de te encarar nos olhos sem resposta a dar quando você pergunta "mas o que você quer?". E eu fico tão irritada de te ver tentar, me olhar de cima, do alto do pedestal de "comigo está tudo bem, obrigada" e "ai que dó, tadinha, vive em dor". E eu sei que a culpa não é sua e que você quer ajudar, mas é como eu me sinto, ás vezes. É que eu tô navegando sem rumo, eu tô em dor em alto mar e não tem nada que eu possa fazer sobre isso. Eu não quero pena e eu não quero que você me dê uma resposta, eu só não quero palavra vazia, uma opção sem sentido. Eu já me sinto impotente. Eu me sinto demais.
E ele se cala e a encara e tampouco tem palavras, por que ele não sabe bem, e nunca soube, o que fazer por ela. E ele procura os olhos castanhos, cheios d'água e abre os braços e a engolfa, a embala, a aproxima tanto que, por momentos, eles são um. Ela fecha os olhos e abraça o peito e tenta esquecer do mundo na sensação de casa que ele sempre é.
(Por que já faz tempo que ele é sua única certeza).
- Não se desfaz, por favor.
Ele pede, ele implora, ele sussurra e a lágrima dela escapa, incapaz de morar dentro do castanho por mias um segundo que fosse.
- Tá tão difícil.
- Eu não sei. Eu queria saber, mas eu não sei. Pra mim nunca foi tão ruim. Mas fica firme. Por favor. Não vai embora de mim, tá? Não vai.
E ela silencia e se afasta um pouco, só um pouco, para olhá-lo nos olhos. Porque o castanho dele sempre foi corda de segurança, sempre foi motivo pra manter pé firme no chão, apesar de tudo. E ela precisa ficar, precisa permanecer com ele. Por que aí já dói bem menos.
- Não me deixa partir, então. Me deixa ficar bem aqui.
E ele a puxa de volta, num abraço meio sem jeito, sem angulo, por que a única certeza que ele tem quando o assunto é a tristeza dela é que ele pode segurá-la no peito e mantê-la aquecida. Ele pode amá-la, e disso nenhum dos dois nunca esquece.
- Eu prometo que no final vai ficar tudo bem.
- Como você pode prometer uma coisa dessas, seu bobo? Você não sabe.
- Eu acredito. E nem é só isso, nem é apenas fé; é lógica. Quero dizer, nós dois estamos bem, não é?
- É claro. Nós somos a única coisa certa em mim nesse momento.
- Então pronto. Se a gente ficar junto, vai ficar tudo bem. Simples assim. Então espera. Respira. Eu prometo que no final tudo vai dar certo.

21 junho 2013

Vem pra rua

Hoje é dia de lágrimas. De tristeza mesmo, de medo, do horror de ter que ver policiais atirando bomba de gás na porta de um hospital (isso mesmo, eu disse HOSPITAL), dando tiro de borracha em gente sentada no chão, jogando bomba em gente que tava num bar, na Lapa, de boa na lagoa, ou se escondendo da repressão absurda mesmo, fugido da violência que comia solta no centro da cidade. Mas também é dia de chorar de orgulho, por que os meus, a gente, tá na rua gritando e cantando pelos nossos direitos, por que o país é nosso e a gente cansou de bagunça. E é isso mesmo e a gente não pode parar. Amanhã vai ser maior.


20 junho 2013

Esvair.

Não sei mais encarar solidão. Não sei mais o que fazer de mim. Se me abraço, falta espaço, falta gente, falta calor, falta quem se importe. Tenho me entorpecido, me distraído, me derrubado só quando ninguém olha (ninguém olha). E  te olhar nos olhos tem me desfeito em lágrima e eu não sei mais do que me componho. Não sei mais me colar. Quero levitar também. Estou cansada de doer. E escrever sempre me acalma, mesmo que eu molhe as páginas pingando e sangrando metade de mim. Pintar a letra pra mim é escorrer minha dor. Pra mim é me libertar. Então dê-me o papel, dê-me a pele, deixe-me esvair em tinta, em palavra, em letra e som. Eu quero levitar.



14 junho 2013

Silenciosamente

Dessa vez, minha depressão não está feita de palavras. Muito pelo contrário, está feita de silêncio, de amargor, de engolir a seco a dor que não me deixa levantar da cama (ou tampouco me deixa dormir). Mas ela não não me deixa, ela não vai embora, ela se recusa a partir nas letras que desenho pra ela morar. Faço com cuidado cada palavra e arquiteto cada lágrima que cai no papel, mas a maldita não me abandona, não me deixa respirar (ela não vai embora, ela não me deixa). E eu fico em silêncio, por que eu não tenho mais o que dizer, e eu fico seca, por que eu não tenho mais o que chorar. E eu fico, por que minha dor quer me acompanhar e eu não consigo dar mais um passo que seja com ela atada ao meu peito. É pesado demais pra continuar. E aí eu fico até parar de respirar.

11 junho 2013

Virtual (Ou Spotted)


Spotted: UFF
Tuesday 
"Pra morena que eu segurei hoje quando tropeçou no 4º andar da Biomédicas: ande mais devagar. Não quero nenhum outro cara bancando o herói e tendo desculpa pra chegar assim pertinho desse sorriso perfeito. Se precisar de salva-vidas de novo, é só me dar um grito".
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  • Mayara Antunes As meninas agora estão caindo em cima, mesmo.
    Like · Reply · 27 · Tuesday at 11:08pm via mobile

    Ana Levi  Era você Tayla Couto? É você que vive caindo aqui nos corredores, pelo menos.
    Like · Reply · 1 · Tuesday at 11:20pm via mobile


Spotted: UFF
Tuesday 
"Pro menino que me segurou no corredor da biomédicas quando eu ia caindo: muito obrigada. Eu estava tão atrasada e envergonhada na hora que nem agradeci direito. Você foi um gracinha e me salvou de um belo mergulho no chão".
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  • Ana Levi O que você estava fazendo no biomédicas, anyway? Volta pro campus que te pertence, Tayla!
    Like · Reply ·  Tuesday at 12:18pm via mobile

    Tayla Couto Fui buscar a Nathalia Azevedo pra almoçar, que ideia. E escorreguei feio lá no corredor da sala dela, mais um pouco eu beijava o chão.
    Like · Reply · 3 · Tuesday at 12:22pm via mobile


Spotted: UFF
Thursday 
"T.C de letras, que eu salvei de novo na biomédica depois que você tropeçou por que suas amigas não paravam de te empurrar pra esbarrar em mim: não precisava ficar com tanta vergonha nem ter ido embora tão rápido; agora nós estamos quites. Naquele dia eu salvei você do tombo, e hoje você salvou meu dia com aquele sorriso tímido".
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  • Rômulo Porto Se eu fosse ela ficava com vergonha das amigas, por que vou te contar...
    Like · Reply · 15 · Thursday at 19:28pm via mobile

    Luís Fernando O cara era tão feio que a garota saiu correndo...
    Like · Reply · Thursday at 19:48pm via web

    Nathalia Azevedo Tayla Couto 
    Like · Reply · 4 · Thursday at 20:20pm via mobile

    Ana Levi Que que Tayla tá fazendo também que nem parou pra conversar com o cara?
    Like · Reply · 12 · Thursday at 20:21pm via web

    Pedro Evari Correndo pras aulas em outro campus, aparentemente. Ou correndo de mim, vai saber.
    Like · Reply · 2 ·Thursday at 20:21pm via web


Spotted: UFF
Friday
"P.E. da biomédica, que eu salvei com um sorriso, da próxima vez não precisa esperar eu tropeçar pra me salvar".
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  • Pedro Evari Pode deixar que, no que depender de mim, você não cai nunca mais.
    Like · Reply · 65 · Friday at 13:48pm via mobile

    Tayla Couto Tô contando com isso.
    Like · Reply · 40 · Friday at 14:07pm via mobile

    Bruno Gonçalves Aê, Pedro Evari, finalmente conseguiu...
    Like · Reply · 1 · Friday 14:14pm via web

    Nathalia Azevedo Até por que, o único jeito de você levar a melhor sobre a timidez da Tayla é mesmo abraçando bem apertado e não deixando a doida fugir...
    Like · Reply · 6 · Friday 15:15pm via web

    Pedro Evari Relaxa, Nathalia, não tô pretendendo deixar ela ir embora.
    Like · Reply · 35 · Friday at 15:23pm via mobile

    Spotted: UFF Acho que a gente fechou outro casal, isso sim.
    Like · Reply · 25 · Friday at 19:58pm via web

e fecharam mesmo.

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