18 maio 2015

Ego.

Ele não me olha e eu finjo que não o vejo. Dividimos o salão. A música toca. Poderia ser uma dança, mas meu ego me faz tropeçar.
Não sei dançar.
Não me aproximo, mas sinto sua presença em todos os cantos de mim. Nossos olhos nunca se encontram. Vigio seus passos ao redor da sala, controlo seus movimentos e pendulo ao seu redor. Quero me colocar distante. Quero me colocar ao seu lado. A parede me abraça, me põe de pé. Minhas pernas ainda sim bambeiam. Quero rodar entre seus braços. A música para.
Nosso tempo acabou.
Respiro devagar, controlada, meu oxigênio de outros lados que não os seus. Até seu cheiro me enlouquece e eu sei melhor do que me deixar prender nos seus feitiços.
Preciso fugir.
Suas palavras me atingem. Não escuto. Seus olhos não me procuram. Não olho, mas eu sei, eu sinto, eu sangro.
Sinto saudades.
Seu abraço nunca vem, e suas palavras não mais consolam minhas noites. Não tenho pra onde caminhar. Nossa música parou de tocar e eu não sei bem quem somos sem a balada tímida que sai do rádio. Não sei quem somos longe das paradas de ônibus e das promessas sussurradas. A música ruim era nossa história de amor. Você dança sem mim agora. Eu não danço mais. E quando a música toca, não mais te procuro. A pista não nos pertence. Você não me pertence. E eu não pertenço a ninguém. Só a mim.


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