17 fevereiro 2016

Veraneio.


Você tem cheiro de promessa e me esconder na curva do teu pescoço tem sido paraíso, tem sido escape, tem sido um suspirar. Tenho medo de ter tão perto, tenho medo de me acostumar com você ao alcance da mão e te perder na brisa, te deixar partir. Não faz tempo, não faz nem ano e parece que foi ontem que eu me queimei em fogueira que eu mesma acendi, em quadro que eu mesma pintei, em vontade de estar junto que só eu alimentei. E agora é verão e você é calor e eu não tenho certeza de nada, não penso no quanto isso pode ser demais, quente demais, demais de uma vez.
Mas quando você me abraça, quando você sussurra, quando você vira brisa contra o meu ouvido não dá jeito, eu derreto, eu me perco. Sua voz é mansa e acende partes escondidas de mim e eu suspiro, suspiro e me desfaço.
Caminho devagar, passos lentos que retardam nosso roteiro, alternando entre evitar suas mãos estendidas e me esconder em você de corpo inteiro, porque não sei bem pra onde vamos e a espera me mata um pouco, me impulsiona pra beira do assento, me faz roer as unhas bem pintadas de vermelho-paixão. É que estou sempre ansiosa por um pouco mais de você. E apavorada. E querendo mais.
O verão vem deslizando pro seu fim e você é incerteza, é inconstante e é medo de perder. E minha voz sai fraca, covarde, tecendo fios ao redor dos seus pulsos, de você, amarrando você em mim, sem deixar espaço pras dúvidas. Eu peço. Você me ouve. Tudo some por segundos inteiros que se estendem por estações.
"Fica. Faz verão durar pra sempre".
Sua resposta vem em suspiro contra meus ouvidos.
Verão se estende.

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