31 dezembro 2010

Happy New Year.

Levantamos as taças e gritamos nossos melhores desejos pro ano que chegava. Escutei alguém rindo atrás de mim e depois mais gritos, seguidos de um splash alto o suficiente para molhar o vestido branco que eu usava. Vi os sorrisos dos amigos que eu conquistara no ano que passara, vi as promessas nos olhos de pessoas que eu não conhecia, vi uma felicidade tocável no ar, uma esperança que revestia de dourado mesmo os piores temores dos corações mais solitários. Vimos os fogos explodirem no céu acima de nós, berramos nosso melhor berro de adeus a tudo de ruim que vivemos no ano passado e nos jogamos na piscina, bebados como gambás, felizes como crianças e prontos como adultos para o próximo passo. Nem senti diferença quando me abraçaram a cintura e me deram um feliz ano novo particular ao pé do ouvido. Não me virei, mas sorri. E eu não queria ver nenhum rosto antes de sentir a paz que me inundava todo primeiro minuto de um ano seguinte. Ela viria. E nada era muito importante por que tudo importava demais. E eu ainda segurava a taça vazia que virara antes de mergulhar. Joguei-a para fora, expulsei-a para dar lugar a outra. Era ano novo. Era tudo novo. Era meu ano novo. Feliz 2011.

29 dezembro 2010

17 de Agosto.

Ela se aninhou na cama vazia, lembrando que da ultima vez ele aparecera pra lhe fazer companhia e dizer ternuras. Mas desta vez estava só, e as lágrimas corriam com vontade pelo rosto manchado. Não havia ninguém para lhe dizer palavra, não havia para quem fingir esperança ou justificar sua dor. Só ela, o choro e a convulsão que lhe sacudia o corpo ocasionalmente entre os suspiros. Não restava nada. Só a sensação.

12 dezembro 2010

Malas Prontas.


Eu não aguento mais me sentar aqui e falar de solidão. Não aguento pensar em traição, em esquecimento, em gratidão. Detesto ver seus olhos nos retratos, me encarando como se esperassem uma reação. Como se esperassem que eu seguisse em frente sem eles. Como eu devia fazer. Como eu queria fazer. Mas eu fico aqui, chorando nos cantos, falando de solidão, de traição, de abandono, de ursos de pelúcia e caras ideiais. De gente que não vem, de sorrisos que não existem e abraços que jamais sairão do infinito que eu desenhei. E eu fico estática, viro estátua, fico presa nos meus lamentos, nas minhas canções, nas imagens que uso para distrair minha mente frágilizada por meu costume de me achar vulnerável. E eu sinto a revolta batendo nas paredes, borbulhando no sangue, me dizendo com a voz mansa pra ir embora e largar tudo pra trás. Pra esquecer os rostos e os momentos, para me fazer suficiente e para sorrir sozinha em alguma estação de pedra do outro lado do oceano, do mundo. Mas eu olho em volta e não vejo as malas, não vejo a determinação. Nem pra me consolar eu sirvo. Mas eu vou. Vou deixar as fotos nas paredes, os sorrisos pra trás, os amigos longe das lembranças e vou levar malas cheias de um futuro novo pra bem longe. Longe de onde dói. Nem que eu fuja pra sempre, nem que eu chore pra sempre, nem que eu me esforce pra sempre. Eu não vou me sentar aqui para sempre e chorar por vocês, olhares acusadores, que não me deixam em paz, mas me deixam o tempo todo. Vocês são tão reais quanto as palavras que digito enquanto me queimo. Vocês não são nada além de palavras e lembranças tolas. Palavras cruas e sem valor.   


ps: Escrito ao som de Swan In The Water, do Justin Nozuka.

06 dezembro 2010

Píer.


Peito vazio, abraço vazio, sentido vazio. Frio, vento, chuva e mãos dadas num píer escuro. Mãos de outrem. Um sorriso, um beijo uma chama interna, eterna, escondida no fundo do peito. Ela desejou poder ficar e ele não queria que ela partisse. E, no último minuto, o afago e o pedido quase mudo por uma próxima vez. Ela sorriu e a voz deixou o ar. A promessa pairou por um segundo, e misturou-se ao vento, levada para longe. Ele sorriu seu melhor sorriso de despedida. Partiram ambos.
E o frio, e o vento, e a chuva cairam sem parar no píer escuro. E sem par. Mas as mãos, ainda que distantes, sentiam-se. Mãos de outrém. Mãos de um outro alguém.

03 dezembro 2010

Porta da Frente.

Quem é você pra me olhar nos olhos e me dizer onde ir? Cadê sua identidade, sua sombra, que te comprova? Quem te confirma? Quem te ama (além de mim) e quem te norteia o batimento? Por quem orbitas? Por que não me olhas e por que me mandas embora? Se não me amas, que seja, a porta da frente é tua e faz dela o uso que mais te aprazir. Só não bate, que foi serviço caro e a manutenção do meu coração partido anda custando muito. É muito projeto de homem formado tentando partí-lo a marretadas. Mas não te preocupes não, que eu tô no seguro. Se eu ruir, aparece rápido quem me cola. E quem troca a fechadura da porta. E se tranca dentro.

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