17 janeiro 2010

João.

Existia alguma coisa de muito errada no modo como ele se expressava. Era rebuscado demais, forçado demais. Era apenas a aparencia de algo que eu me recusava a acreditar que ele era: algum super gênio da escrita, da vida, das sensações. Não, não mesmo.
Aquele menininho sem experiências (não que eu tivesse alguma, no alto dos meus 17 adolescentes anos), sem nenhum tipo de brilho, sem nenhum tipo de sinal que evidenciasse que ele devesse ser mais que todos os outros, não, ele não tinha o direito de se expressar daquele jeito. De falar daquele jeito. De (se) retratar daquele jeito. Não, definitivamente não.
Então fiz minha rebelião. Me recusei a achá-lo genial (não sei se por que ele não era, ou por que eu sou cabeça-dura demais pra admitir. Eu acredito, com minha cabeça-dura, que seja a primeira opção.), me recusei a gostar, admirar, qualquer de seus feitos, seus atos, seus escritos. E o fiz. E enquanto o mundo se abria em "ah" e "oh", meus olhos reviravam. Nada, nada demais. Nada de extra, de incrível, para os meus críticos olhos de menina mimada. De amante das letras, das histórias, das narrativas e dos mocinhos e mocinhas ingenuos e tontos das histórias.
E eu, convencida de mim e dele, fechei meus olhos.
E o desprezei.

06 janeiro 2010

Anel de Brilhante.



O único salão da cidade pequena estava decorado para uma grande festa e eu reconheci o brasão italiano espalhado pelo lugar; aquela era obviamente uma noite regada pelo dinheiro dos Beraldi. Mas havia também pequenos detalhes, pequenos traços que só poderiam ser obra dela. Sim, a minha amada era parte daquilo. E para mim, que a conhecia tanto ou melhor que a mim mesmo, era muito fácil identificar os sinais. Identificar as marcas.
De imediato não imaginei o que poderia ligá-los. Os Beraldi não tinham filhas mulheres das quais Elise pudesse ser amiga, e ela não tinha ligações com eles quando parti. Mas já fazia tanto tempo, tanto já havia mudado que ignorei os detalhes, as relações. Foi apenas quando finalmente a vi que entendi.
Seguro em sua mão direita, estava um anel de diamantes, seu anel de noivado.
Seguro em sua mão direita, estava o que a tirava para sempre de mim.
Seguro em sua mão direita , estava o futuro que ela escolhera.
Sem mim.

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