22 dezembro 2013

Uma palavra (pelo menos)

E numa única frase, numa única palavra, Suzana ruiu. As paredes vieram a baixo, a insegurança, o medo e o pânico de não ser quem sempre era lhe tomaram a garganta. E ela respira fundo, ela tenta empurrar tudo pro fim de si, ela fecha os olhos e pensa melhor.
Mas ela responde.
Ela tenta argumentar, tenta dizer que aquilo machuca, ela mostra as feridas e pede por favor. Ela tem a esperança de ser um mal entendido. Ela gosta tanto dele.
(Ela é patética).
Ele não liga.
As palavras dele são feito facas e ela tenta desviar, mas se corta. E ela não sabe bem o que queria, mas está decepcionada.
Ela esperava mais.
Ela esperava demais.
E ela tenta, ela fala baixinho, ela enche os olhos d'água e se convence que ele é assim, que ela tem mesmo que acostumar.
Ela não vê que ela merece melhor.
E aí ele dá a palavra final, ele emudece a conversa, ele faz a ameaça: ele diz que vai embora.
Suzana treme e silencia.
E ele diz que ela precisa se acalmar. Diz que não quer conversar se for pra brigar, diz que prefere não ouvir se ela se machuca. Ele diz que vai deixá-la sozinha.
(Ele não entende o peso dessas palavras).
E aí ela engole todas as frases. Cada letra, cada pausa. E aí ela engasga. Aí ela sufoca.
(Suzana nunca soube brincar de silêncio).
Aí ela vai embora, e bate a porta.
(Suzana também nunca soube brincar de solidão, mas é melhor se for por opção).


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