12 dezembro 2010

Malas Prontas.


Eu não aguento mais me sentar aqui e falar de solidão. Não aguento pensar em traição, em esquecimento, em gratidão. Detesto ver seus olhos nos retratos, me encarando como se esperassem uma reação. Como se esperassem que eu seguisse em frente sem eles. Como eu devia fazer. Como eu queria fazer. Mas eu fico aqui, chorando nos cantos, falando de solidão, de traição, de abandono, de ursos de pelúcia e caras ideiais. De gente que não vem, de sorrisos que não existem e abraços que jamais sairão do infinito que eu desenhei. E eu fico estática, viro estátua, fico presa nos meus lamentos, nas minhas canções, nas imagens que uso para distrair minha mente frágilizada por meu costume de me achar vulnerável. E eu sinto a revolta batendo nas paredes, borbulhando no sangue, me dizendo com a voz mansa pra ir embora e largar tudo pra trás. Pra esquecer os rostos e os momentos, para me fazer suficiente e para sorrir sozinha em alguma estação de pedra do outro lado do oceano, do mundo. Mas eu olho em volta e não vejo as malas, não vejo a determinação. Nem pra me consolar eu sirvo. Mas eu vou. Vou deixar as fotos nas paredes, os sorrisos pra trás, os amigos longe das lembranças e vou levar malas cheias de um futuro novo pra bem longe. Longe de onde dói. Nem que eu fuja pra sempre, nem que eu chore pra sempre, nem que eu me esforce pra sempre. Eu não vou me sentar aqui para sempre e chorar por vocês, olhares acusadores, que não me deixam em paz, mas me deixam o tempo todo. Vocês são tão reais quanto as palavras que digito enquanto me queimo. Vocês não são nada além de palavras e lembranças tolas. Palavras cruas e sem valor.   


ps: Escrito ao som de Swan In The Water, do Justin Nozuka.

2 comentários:

agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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