30 setembro 2010

Mentirinhas.


Chorei quietinha, pra não ser ouvida, pra não ser consolada por gente que não liga (e quem liga?). Me escondi pra sentir sozinha, pra não ganhar os abraços fingidos e os meio sorrisos de má vontade que se soltam das bocas daqueles que fazem fila pra rir de quem passa chorando. De quem passa sofrendo. De quem vive sentindo. Fiquei em silêncio e menti, de cara lavada, pra fazer passar mais rápido as pessoas de quem eu não queria ver nem mesmo a sombra sob a parede. Eu disse tudo bem e sorri falso e sequei os olhos antes mesmos das lágrimas cairem. Eu me apaixonei sozinha, e fingi que não. Pois pior que chorar sem lágrimas, que sentir e esconder sob a pele, é se apaixonar de novo e de novo pelo mesmo olhar sem cor e abraço vazio, sem calor. E eu minto que não, que é pra ninguém menosprezar aquele sentimento. O meu sentimento que eu mesma menosprezo. E eu me ocupo de outras dores que é pra eu mesma não saber que está doendo. Por que assim, nem eu me incomodo de pensar que não há amor pra mim naquele espaço vazio. Eu minto que não há espaço vazio. Eu minto que não há dor. E assim não dói dor de amor.

3 comentários:

  1. tão bonito 'E assim não dói dor de amor. ', suspirei no final.

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  2. Perfect!!!
    As vezes é necessário usar disfarces, máscaras para esconder a verdade, e assim, não ser "taxado" de tolo sentimental.

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  3. Incrivel esse texto! Só tenho isso pra dizer, cara :)

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agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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