27 abril 2011

Sem rumo, sem prumo.


Olhava pra cima constantantemente, tanto que trombava com tudo e todos ao redor, procurando por algo que cairia como um meteoro, incendiando o mundo antigo e trazendo um mundo novo. Precisava de um mundo novo. E andava a passos rápidos, não por que estivesse atrasada, não por que tivesse pressa, mas por que odiava a ideia de andar por aí sem prumo, odiava o ato presente de não ter meta, odiava o fato de não saber pra onde ir. Gostava da sensação de chegar, do sentimento que o rumo causava, do calor que lhe invadia o peito durante a caminhada. Gostava de imaginar que alguém a esperava lá (no ponto final), gostava da ideia de ter algo por que ansiar. Por que já não sabia sonhar, não sabia o que queria, não sabia o que fazer. E justo ela, a geniosa, que antigamente era tão cheia de vontades e sonhos e respostas que delimitava no papel o caminho que ia tomar, pra não fazer duas coisas ao mesmo tempo (e assim não acabar não fazendo nenhuma). Justo ela, que desenhou tantas vezes tantos destinos, que preparou tantas vezes milhões de caminhos, que rascunhou centenas de cenários diferentes (e especiais), justo ela agora não tinha nada no peito, nenhuma estrada nos pés, nenhum único traço na cabeça. E agora ela anda assim, olhando pra cima, com pressa de chegar, procurando a estrela cadente, o meteoro, a nave espacial, o que fosse que mudaria tudo. Mas nada vinha. Nada mudava. Nadinha. Só o vento nas folhas, o tempo que corre, e as vozes que gritam que esperam o mundo de você. Mas nada vinha pra indicar o caminho. Nada soprava uma dica. E nunca nenhum meteoro riscou o céu de vermelho e fez nascer o mundo novo. Nada aconteceu, nada existia além da garota que andava correndo, olhando pra cima, procurando uma resposta. Nadinha.

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