02 abril 2011

Canário Amarelo.

 Ele queria voar. Já sabia ser livre no céu há tempos, crescido como passáro solto que era, mas não conseguia pôr os pés longe demais da gaiola que era dele. Que era ele.  E pintara as paredes de azul na esperança de se tornar do céu e se jogara no vento pra saber como era ir contra a corrente. Mas não sabia ir ao contrário, não gostava de ser diferente, nunca bateu asas e fincou pé por algo que lhe fosse realmente importante. Perdera a chance de cantar bonito, porque se acostumou a ficar em silêncio escutando as vozes dos outros soarem livres e lindas pela sua janela. E agora, queria cantar e não sabia, queria partir mas não podia, queria ir pro alto e caía. Passáro covarde. Sonhou voar, mas teve medo da  altura. Pra ele, só há lugar na gaiola. O mundo dele vai ser sempre a gaiola. Ele vai ser sempre a gaiola. Feito de sonhos perdidos, medo alado entre barras de ferro, aprisionado, fingindo viver e alçar voo. Mas sempre nada mais que canário amarelo na gaiola. Sempre pássaro sem destino.


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