05 abril 2011

Você quer a verdade?

   A verdade é que eu tenho um medo que me pelo de ficar sozinha pra sempre. E embora dúzias de analises psicológicas pudessem supor um motivo, eu devo dizer aqui, com todas as letras, que não me importo com ele. E eu sou assim, sou assim desde que lembro, e carrego no peito esse medo insano, esse receio incurável, essa impressão de que, de repente, vai sair todo mundo correndo pelas saídas mais próximas gritando "fujam pras colinas!". E não é que não vá chegar mais ninguém, mas eles provavelmente vão me olhar torto e me achar estranha e me desprezar com seus olhos desconfiados velados numa aparencia simpática e uma piadinha de humor sem graça - sobre mim. E não é que eu não possa fazer novos amigos, mas os novos nunca são iguais aos antigos (pelo que eu secretamente agradeço, já que os antigos foram embora), e eu nunca vou me sentir realmente completa, não até ter se passado muito tempo e eu ter acostumado com a presença, achado que seria diferente, e então eles já estão me deixando de novo. É só que assim, eu vou sempre viver pela metade, esperando, receando, contando os minutos pra hora em que eles se vão de mim. E os sorrisos vão ser preciosos, intensos demais, vivos demais, e todos vão achar que é por que eu sou feliz - enquanto eu sofro como uma condenada, morrendo de medo do escuro que fica quando as luzes se apagam, o show termina e o público vai embora, satisfeito com as horas alegres de música ao vivo. E se você quer saber a verdade, eu te digo, sou eu quem fica pra trás limpando o palco. Sou eu que fico aqui me atendo as promessas vazias e as lembranças que eu finjo que são mais felizes, que é pra eu acreditar que em algum momento eu fui feliz de verdade, completa de verdade, vivi de verdade. E eu não estou falando de falsidade, de traição. Estou falando de tempo. Não importa o quê, eles partem, eu fico, eu choro, eu sangro, e eu começo tudo de novo, meu medo, meu pânico, meu quarto escuro solitário. E, droga, eu tenho medo do escuro.
   Então se você quer saber a verdade, eu te digo, por que eu já descobri: porra coisa nenhuma é pra sempre, os laços alguma hora se soltam e quem viveu aquilo demais é aquele que mais sofre. Ou pelo menos, é um daqueles que sofre bastante. Então, não sei, faz um esforço e fica. Fica comigo dessa vez. O que eu vou fazer se, depois de tudo isso, de todas as vezes, de todas as lágrimas, de todo o amor, eu ficar sozinha e no escuro de novo?  Esse é meu grito de socorro. Em negrito, em verdade, em texto seco, de coração, sem parágrafos, sem second thoughts, sem lágrimas e desespero dessa vez. É meu pedido. Pras estrelas, pro anjo da guarda, pro melhor amigo, que seja. Vê se não me deixa sozinha dessa vez.

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