07 dezembro 2009

Apenas mentiras.


- Você mentiu.
Ela acusou, e sua voz era suave. Quase como se ela não se importasse. Quase.
- Não é bem assim.
Ele se defendeu, mas suas palavras eram vazias. Todas eram.
- Está fazendo de novo. Mentindo de novo.
E seu tom era cômico, de leve, uma caricia à risada que algo a impedia de dar. Apenas uma linha. Apenas um lembrete.
- Você não acredita.
E ele tentou construir sua cena, refazer o seu palco. O mundo onde ela se importava. O mundo onde ele tinha sucesso. Mas não dessa vez.
- Você não me dá motivos.
Procurou-a com o olhar, desesperado, arrependido, culpado. Mas não a teria, não mais a teria. Ela que já não o queria, que o evitaria, que não o procuraria. Ela, cujo olhar ele jamais encontraria. Ela, que agora sorria, que achava graça do fim do quê seria um grande amor. Ela que ele nunca mais veria.
A respiração dela, pesada, cansada e traída se espalhou pela sala pequena, se chocando com os moveis, se fazendo audível. Ele a sentiu naquele sopro, ele que a amava, ele que a traíra. Ele que a queria. Que sempre quis.
E silêncio, macabro e contínuo. Necessário silêncio. Verdadeiro Silêncio. Significativo Silêncio. Apenas silêncio.
Apenas mentiras.

2 comentários:

agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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