22 dezembro 2009

Promessas.


Eles se acusavam. Se defendiam. Choravam.
Eles eram amigos, amantes, irmãos. E nada poderia fazê-los parar, se afastar, se machucar o suficiente para romper o laço. Nada era suficiente para que deixassem de pertencer.
- Você prometeu que não mais leria os meus pretextos. - Soluçou. - Prometeu.
- Foi sem querer. - Ele se desculpou, sem jeito. - Eu só não pude evitar. Pareceu tão claro. Tão obvio.
Ela suspirou pesadamente. Cheia de dor. Cheia do desespero de não poder deixá-lo pra trás. De não conseguir parar de amá-lo, pelo menos o suficiente para correr na direção contrária. Para um esconderijo seguro.
- Eu não quero fazer isso. Eu não quero sofrer. Não mais.
- E o que eu poderia fazer? Eu não quero que você sofra. E eu não posso deixar você.
- Mas, mas...
As desculpas fugiam. Ela não queria deixá-lo. Não podia. Mas tampouco poderia conviver com aquilo. Com aquela dor.
- Porque tão triste?
- Porque não posso seguir. Porque nao posso te deixar. Eu nem ao menos sei se realmente quero. Embora eu precise, definitivamente precise.
Ele passou a mão pelo rosto, como quem tenta levar a face embora. Como quem tenta expurgar os problemas. Como quem tenta se levar de si mesmo, pra longe dela, para não causar a sua dor.
- Não é tão ruim. Nós temos um ao outro. Acima de tudo. Como nossa unica certeza.
- E como isso pode ser bom? Em que planeta o fato de eu te amar tanto que não posso partir é bom?
Ele fez silencio. Ele não tinha respostas.
- Em que planeta o fato de você não me amar suficiente é bom? Não quero um meio termo. Não quero essa tristeza. Eu só não quero. Não a aguento.
- Eu sinto muito.
- Não, não sente. Você não sente muito, você, na verdade, não sente quase nada. Você não sente nem metade do que deveria para me ver feliz. Tudo o que você faz é não sentir.
- Mas eu...
- Você me prometeu, e eu fiquei esperando que cumprisse. Agora, sou somente sombras. Densas e intransponiveis sombras.
- Mas eu...
- Você prometeu, e eu fui incapaz de apagar os traços. Agora só restam eles. Por que eu já me desfiz.
- Eu nao deveria tê-lo feito então. Prometido. - E as palavras eram facas. - Eu só achei que fosse o certo.
- Promessas nunca são certas, se você não pode cumprí-las. Você apenas me feriu, fazendo-as.
- E agora?
- Só silencio. Só sombras. Só dor.
- Mas eu não quero que seja assim.
- É tarde. - Ela sorriu. - Agora é muito tarde.
- Porque?
- Por que você viu através dos meus pretextos. - E por detrás das lágrimas, sorriu. - E me viu de verdade, amando você. E agora, agora é tarde.

2 comentários:

  1. vc me surpreende a cada texto...
    gostei muito dele!
    eu já disse q vc escreve MUITO bem, mas não custa repetir!

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  2. Hey bela, e o meu layout? xD
    Você disse que estava cansada do atual, agora fiquei animada =D

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agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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