08 abril 2012

falando em cacos.

ninguém se importa se a dor é minha e vai silenciosa por sob a pele. e se eu sorrir posso enganar a todos, por que ninguém quer mesmo a verdade. ninguém quer sentir a saudade. ninguém vai deixar a cidade. nem eu. nem minha dor. ela vai quieta, por dentro de mim, navegando cansada pelas minhas veias. e somos só eu e ela por dentro da carne que é minha, gritando um grito que não sai, olhando as paredes de concreto que não se movem nem pra me oprimir. e é a minha dor e o meu sorriso falso e o meu corpo débil segurando tudo pelas ruas cinzentas e o asfalto quente da cidade cheia, que parece deserta. e numa hora dessas, qualquer multidão é deserto. e eu vou sorrindo, vou fingindo, vou dizendo e cantando e escrevendo e guardando, guardando tudo, até mesmo aquela dor que não devia ter doído tanto, que eu não devia ter sentido tanto, mas guardei. é que não sei mais viver sem o fingir. mas vou partir, vou ruir, vou sumir, explodir. e aí não vai ter mais nada de mim. (nem os cacos daquele sorriso falso que um dia sorri).

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