12 abril 2012

Ponto e vírgula (ah, menina).

Perdera o amor pelos pontos, assim como perdera por ele. Só tinha olhos para vírgulas agora. Sem espaço, sem pausas, um após o outro. Só virgulas acompanham seu pensamento agora. Seu batimento cardíaco.  Pontos exigiam demais daquela garota que não sabia parar. Cujas lágrimas se emendavam na risada, cujo sonho se transformava em desespero em questão de segundos. Ah sim, só as virgulas lhe podiam acompanhar, uma emoção após a outra, um pensamento desordenado seguindo outro, seguindo uma canção, seguindo uma frase daquele filme que lhe tocara a alma - e os olhos - havia anos. Só virgulas podiam acompanhar o ritmo da zona que virava sua mente, do campo escuro e vazio e cheio e decorado com medo de solidão. Ah, pobre criança, amante de vírgulas, de prosas, de olhos claros, de castanho, de pequenos príncipes e verde-céu e loucos com suas caixas. Amava tudo que não fazia sentido, que se lia e falava sem pausas, que ria alto e apertava os olhos pra ficar feliz. Pra fazer graça. Ah, menina confusa, sem pausas, sem ar, sempre com seus fones de ouvido e sua música sem intervalos, cujas letras ela escreveria na pele não fosse o medo das agulhas que espalham a tinta. Ah, menina, vê se cresce, se descansa, se fecha os olhos e pensa antes de correr a mão pro papel. Correr pra quê. Sua corrida nem tem linha de chegada. Não tem nem ponto final. É só vírgula, depois de vírgula, depois de vírgula... é só essa angústia que nunca acaba e um ponto em cima de uma vírgula - por que nunca termina, nunca termina, nunca termina ;

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