09 julho 2009

a morte da protagonista.


A folha em branco me encarava. E eu não tinha nada pra escrever nela. Prometi escrever a minha irmã uma carta falando sobre as novidades, falando sobre os dias no hospital, as visitas que recebia, sobre a minha melhora no tratamento. Infelizmente essa ultima parte não era verdade, mas eu jamais iria dizer isso a ela. Minha dedicada irmã provavelmente despencaria de Paris, onde ela estuda moda hoje, só para me ver definhar nessa cama onde eu certamente morrerei daqui há semanas, se tiver sorte. Eu não quero que ela passe por isso, nem quero passar tampouco. Quero que as pessoas tenham lembranças felizes de mim, e que pensem que eu estava feliz, no fim. Mesmo que eu não estivesse. Mesmo que doesse e eu tivesse que agüentar calada. E eu quase podia sentir meu sangue fluindo, pingando, manchando a ponta do lençol. Infelizmente, pra mim, eu só quase podia fazer isso. E quando o vermelho vivo tomou conta da cama, já era tarde demais para pedir socorro. Morri.

2 comentários:

  1. tão triste, e tão bem escrito. *_* "Mesmo que doesse e eu tivesse que agüentar calada. E eu quase podia sentir meu sangue fluindo, pingando, manchando a ponta do lençol."

    ResponderExcluir
  2. Noossa, muito bom! adoro esses textos assim ;s

    ResponderExcluir

agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


Layout por Thainá Caldas | No ar desde 2009 | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©