14 junho 2009

O Amante Universal.


Mãos sem corpo me abraçaram e aqueceram meu ser.
Lábios sem rosto me beijaram, macios como o veludo que forma o céu claro.
Olhos profundos me fitaram, olhos que boiavam na superfície do infinito. Verdes azuis, castanhos, cinza, âmbar; tom nenhum jamais seria capaz de descrever a intensidade da cor daqueles olhos tão perfeitos. Incríveis e indiscutivelmente lindos, brilhando só pra mim. Só por mim.
As mãos, delicadas, descobriam meu corpo, me aninhando e fazendo descobrir emoções e sensações que eu não conhecia. Que nem ao menos imaginava existirem. E assim, suaves, estas mesmas mãos pousaram-se na minha cintura, fazendo dela propriedade sua.
Os lábios, agora tocavam lentamente meus olhos, descansando sobre minhas pálpebras fechadas e me enchendo de ternos sentimentos. Eu o amava. Eu o amava e precisava de mais dele do que aquele contato curto podia me dar. Eu precisava de intensidade, de força e de feracidade, e de ansiar por isso meu desejo se converteu em desespero.
Tive medo. Apavorei-me com a idéia de abrir meus olhos e perdê-lo para o infinito ao qual ele pertencia. Sentindo minha aflição, de suas mãos estenderam-se braços que me cercaram de seu corpo sem matéria e me prenderam com força em seu corpo incompleto. Tremi.
Ainda de olhos fechados e tolamente apreensiva, eu almejava por muito mais do homem que me segurava em si, do meu homem invisível e intocável que me amava com tanta intensidade que inexistia só por mim. Ainda sim, feito só pra mim.
Eu queria mais do que ser envolvida só por braços fortes em abraços quentes, eu queria mais que apenas os lábios que passeavam pelo meu rosto febril. Eu queria a massa, a textura e o corpo do homem que me amava, do meu homem inexistente, mas ainda sim completa e totalmente meu. Meu amante universal, meu homem sem formas, sem cor, sem pele, sem ossos e sem rosto.
Perfeito em gestos, em toques, em sussurros e carinhos. Perfeito em ser, pra mim, o não ser incompleto que apenas me completava. Perfeito pelo simples fato de me amar sem nenhuma barreira, nem mesmo física.
Energia, sentimento, ele, eu.
Nós.

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