14 junho 2009

Chorando sobre rodas


E é claro que no momento em que meu lápis tocou o papel, todas as palavras desapareceram. Toda dor tangível e aplicável, no entanto, continuarou presente. Eu não era capaz de expurgá-la de mim, então ela continuava latejando impertinente em tudo o que era eu. E isso realmente doía.
Talvez fosse um pedido mudo, talvez significasse alguma coisa. Eu jamais saberia dizer. O único que eu sabia – e mais que isso, sentia – era a dor e ela me dilacerava de todas as maneiras imagináveis.
As lágrimas que eu continha tentavam a todo minuto escapar por alguma brecha; a menor palavra ou toque – seguidos de um olhar estratégico – uma ou duas forçavam saída. Eu estava ruindo lentamente, vendo meu disfarce e minha máscara desabando pouco a pouco. Não havia mais onde me esconder, atrás de ninguém parecia seguro o suficiente. Os ombros fugiam como que ao toque de um sinal na hora mais precisa, e eu me mantinha de pé, ainda que cambaleante, esperando um momento certo pra deixar sair, de algum jeito.
Mas agora não havia mais como e o chão parecia estranhamente próximo de mim de algum jeito, talvez eu estivesse desmaiando. Talvez não. Eu ainda estava presa na minha consciência vermelha-vivo despedaçada e sem vontade de me recompor, já que não havia mesmo ninguém pra fazer isso por mim – aquele maldito sinal.
E agora? Como continuar? Como parar? Só... Como?

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