02 junho 2014
Em outras águas.
E assim um dia, como quem acorda de um sono longo, reticente de abrir os olhos, querendo prolongar o delírio do flutuar, eu me apaixonei. Caí em piscinas ora cinza, ora verdes, e me deixei afogar. E eu tentei, juro que tentei, navegar pra longe, pro país seguro do não em terra firme, mas não teve jeito. Quando me vi, já estava bem no meio do oceano, sem ter pra onde nadar, sem querer fazer nada além de mergulhar, abraçar, me esconder no profundo do espaço entre o pescoço e o ombro, feito pra mim, pra me acolher. E quando eu vi, era amor, era seu nome rasgando minhas paredes, eram minhas esperanças indo morar em novas terras, distantes, frias, geladas, com direito a um diferente fuso horário e uma linguagem toda nova morando na ponta da língua. E eu tentei resistir e fincar o pé aqui nas minhas terras firmes de ventos quentes, mas, quando eu vi, meu coração já tinha ido e meu corpo, pobre coitado, mal amado, mal aquecido, mal estruturado, ainda estava bem aqui. Tão, tão longe.
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