03 abril 2013

Não se assuste, não.

Tenho esperado que você me alcance. Que dedilhe meus sentimentos, meus medos, minhas angustias. Minhas dores. Tenho esperado a mão que nunca vem, o abraço que nunca chega, o beijo que nunca sinto. Tenho esperado um monte de coisas, tenho me desfeito em um milhão de pedaços, mas nada além de desespero tem mostrado a cara pra mim ultimamente. E eu finjo que melhoro, quando consigo, que é pra tentar me enganar que alguém liga e que alguém se importa e que ninguém quer me ver assim, que é melhor forçar o tal sorriso, que é melhor mesmo se eu acreditar que tô melhor (mas não tô). Não acredito mais nas propriedades terapêuticas do fingir. Não acredito mais em forçar o riso e engolir o choro e cantar pra mim mesma até dormir pra evitar os pesadelos que minha insônia deixa entrar quando eu finalmente consigo fechar os olhos. Ultimamente, até à isso estou dando as boas vindas. É que eu tô cansada feito o inferno de desenhar os sonhos que nunca durmo nos cadernos que ninguém nunca lê. To cansada de ninguém me ver. Então, por favor, não se assuste se encontrar os meus fragmentos pela calçada. Agora que eu desisti do teatro, os farelos de mim estão mesmo ficando por tudo quanto é lugar. Então não se assusta não, moço estranho, moço bonito, moço do coração de ouro e prata e latão. Eu tô quebrada, me desfazendo, toda em partícula - ficar pra trás nas folhas e no chão de pedra é o menor dos meus problemas. Respirar é problema bem maior. Viver é problema bem maior.

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