29 março 2013
O céu virou do avesso
As paredes azuis estão me desfazendo. Como respirar o ar feito de lágrima e dor? Tem dia em que qualquer coisa é pedir demais. Tem dia em que eu não quero ser mais nada. Pra quê? As paredes do céu estão caindo mesmo...
21 março 2013
Poeira de Demolição
E hoje é o dia em que tudo ao redor resolveu ruir. Todas as paredes e fundações, todas as sedes seculares de tudo o que eu sou. E eu mesma não tenho ideia de como me mantenho em pé, por que cada partícula de mim está estilhaçando, ruindo, ressoando e vibrando, procurando uma frequencia em que tudo não seja dor. E não encontra. E não existe. Tudo ao redor é lágrima e poeira de demolição, tudo ao redor foi ao chão e eu sou a única parte do inteiro que um dia foi que se vê a distância, resistindo, mal e porcamente, contra a frente fria que não para de me açoitar o rosto, de me espancar a alma, de me arrancas as lágrimas á força. E eu não sei se ainda quero ficar em pé. Eu não sei se vestir o sorriso e estancar o choro tem me feito qualquer bem que não engolir a bile e beber do veneno. Já cansei de ser pilar nessa tempestade; quero mais é me estilhaçar. É que a verdade é que eu prefiro ser areia de praia ao por do sol que pessoa inteira me afogando em águas que não posso chorar.
15 março 2013
Morena.
Ela já não se importava muito com as consequências das
verdades que atirava ao ar. Viver perigosamente parecia mais real, parecia mais
provável, mais fácil. Ela queria fácil. Ela queria sem dor. Estava cansada de
olhar no espelho e ver que suas próprias verdades voltavam no reflexo,
dando-lhe bofetadas no ego e na alma. Lá dentro e lá trás ela ainda era loira e
pequena e ciumenta, monstrinho verde sem futuro para além dos olhos brilhantes.
Mas ela mudou. Ela cresceu. O cabelo voltou ao castanho, os olhos brilharam
mais bonitos, o sorriso ficou genuíno e ela perdeu o medo do reflexo, da
cintura, dos braços e abraços de desconhecidos ao redor das costas, do
traseiro, dos ombros, dos cabelos. Ela cresceu e agora era divertido, era bom,
era mágico, era feito de futuro e confiança. Até a próxima queda, a próxima
depressão, a próxima surra do espelho antigo no quarto sempre fechado da casa
que ela já quase não visita. Não valia a pena. Ela era melhor agora. Ela era
melhor e podia lidar muito bem, obrigada, com suas verdades.
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