14 fevereiro 2012

Folha em Branco


O barco foi e eu fiquei, sem as canetas. E agora, ultimamente, todo dia, não tem mais palavra que diga o que eu carrego no peito. E eu já não sei se é por que eu não sinto nada, ou se as palavras já não bastam pra dizer o que sinto. A verdade é que as letras ficaram todas no meu passado e eu fiquei aqui de pé, no presente, seca, sem tinta, sem papel e sem um lápis que seja, chorando pra dentro dores que não doem mais, por que o mundo ficou tão em branco que nem sofrer direito eu consigo. A estática é tanta que nem palavra sai da boca. O som é mudo. E a apatia é tanta que não tem nem história pra inventar. E os livros vem com todas as folhas em branco e a minha mente não produz nada pra preencher. É uma pena. É uma dor. É um desespero. Mas é tudo o que restou de mim agora. 

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