08 agosto 2009

Ao redor da mesa.


A conversa já durava horas, mas nenhum deles parecia disposto a levantar e partir. Dar as costas um ao outro, ainda que fossem apenas caminhos opostos numa calçada, era inconcebível. E por isso eles continuavam, bem dispostos, a discutir as pequenas delícias e infortúnios da vida, a falar sobre o tempo, sobre os amores, as dores, a falar. Era uma pratica comum pra eles, quase como o abraço apertado da recepção. Não que estivessem há muito tempo separados, não que se falassem pouco ou que morassem longe. Eles só sentiam a vontade, a necessidade, de se aproximar ainda mais assim que os olhos batiam um no outro.
Atração Gravitacional.
- Ela não é uma das exceções a que me referi, meu bem.

- E o que isto quer dizer?
- Que ela não é flor que se cheire. Que ela não é um amor. Que ela não é pra você.

- Fico me perguntando se você tem alguma opção viável pra mim.
Ela sorriu, e ele revirou os olhos. Ah, okey, ele nunca entendia. E eu quero dizer nunca mesmo. Como ele poderia, afinal? Era só um menino.

Eles eram aquele tipo de casal de amigos que as pessoas são incapazes de aceitar que sejam apenas amigos. Mas eles o eram, e satisfeitos. Na verdade, eles, os dois, estavam muito felizes com isso. Com o simples fato que nenhum deles jamais teve a necessidade de sentir mais que a amizade profunda e incondicional que eles alimentavam. Um pelo outro, quero dizer. Nada mais que isso.
E ela o olhava, o seu pequeno grande menino, enquanto ele mirava a chuva enjoada que insistia em se chocar com a janela alta do bar confortável onde eles se encontravam sempre. Ele parecia de outro mundo, ele era um estranho e ele estava encantando com os pingos e respingos. E como nas canções mais antigas, a chuva, para ele, poderia ser uma chuva de felicidade.
Ela compreendeu isso, sorriu e se deixou encantar também.

Ele desviou seu olhar por segundos para olhar para ela, sua tão querida amiga de sempre. E ela era do mundo dele, sua estranha, a menina que se encantava com os pingos e respingos das gotas de chuva.
E ele sabia que naquele mundo que eles dividiam, a chuva era só um detalhe. A felicidade estava provavelmente escondida dentro das paredes daquele lugar familiar, ou talvez dentro das tão estimadas gotas. E eles sabiam, de algum modo, onde encontrá-la. Juntos.

Um comentário:

  1. Ah, que coisa fofa =)
    Preciso realmente lhe fazer visitas mais frequentes, moça!

    ResponderExcluir

agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


Layout por Thainá Caldas | No ar desde 2009 | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©