25 novembro 2011

arco-íris em pb.

minhas lágrimas jamais foram tão secas ou tão intensas, tão internas, tão desesperadas pela luz do dia. precisam sair, precisam correr, precisam tocar o ar e morrer em meus lábios, pra saber que viveram, que sofreram, que sentiram. eu senti. cada detalhe, cada segundo, cada particula, eu senti. eu doí. eu não sangrei, é verdade, mas foi por pouco. ninguém diria, e se você não soubesse, não acreditaria que não fui ferida. e eu não fui. fui derrubada, arremessada, mandada pelos ares com o pouco que restava de motivação e vontade, como numa supernova, e tudo que eu tinha, que eu era, se transformou em auto-piedade e dor em algum ponto do caminho. algum pedaço da atmosfera. oxigenio, nitrogenio, buraco. escapei pro universo e nunca mais vou me encontrar.
e eu nunca tive tanta vontade de voar. de partir, de sumir, de me misturar com a fumaça, com a névoa, com o céu. cada molécula de mim pede por tudo novo. não tenho nada pra dar. a dispensa está vazia, ainda que tenham dito por aí que lá dentro cabia um coração. e que num coração cabia uma penteadeira. que seja. de fato, no meu coração cabe o mundo. cabem três vidas. oito milhões de amores. de sabores. de lembranças. mas não tem nada, é tudo vácuo, vazio, oco, espaço em branco. e eu queria. queria sentir. qualquer coisa pra me livrar da dor, da dormência e do desespero. mas acho que eu já sou o desespero. a aflição. não me separo mais do que eu quero que parta de mim.
hoje em dia sou só um poço de descontentamento tingido de sorriso brilhante e boas manhãs.
mas enquanto ainda posso, enquanto ainda atuo, quero deixar claro e rasgado, nesse pedaço silencioso de mim, que minha depressão é palpavel. não tem asas, não tem balões, não tem nem coerencia. mas que ela é, que está, que me derruba e me enterra em pulmões e travesseiros é inegável. e não quero negar. e nem posso, porque vejo no espelho o fantasma do que já fui, do que nunca serei, e do que sou agora. está exposto, tinta contra tela, ilusão de ótica fingindo que é cor. mas não sou. sou nuvem, não céu. gaiola, não passáro. carvão e não aquarela. mas todo mundo vê só arte.
é verdade mesmo que ninguém reparou que eu vivo em escala de cinza?


Layout por Thainá Caldas | No ar desde 2009 | Tecnologia do Blogger | All Rights Reserved ©