16 abril 2010

Ruptura.

O quarto era pequeno demais para nós dois e todos os nossos problemas. As paredes pareciam frágeis demais, o mundo era frágil demais. Ou talvez os nossos gritos fossem fortes demais. Talvez estivessem altos demais. Tão altos que nós já não escutávamos. Nem um ao outro, nem a nós mesmos. Pelo menos, eu não tinha idéia do que estava falando.
A pausa surgiu, mas durou apenas alguns segundos. O necessário apenas para recuperarmos o fôlego, refazermos a linha do pensamento e tomar algumas resoluções. Eu tomei as minhas, pelo menos.
- Já chega disso, eu não quero mais brigar.
- Um pouco tarde pra isso, não acha? Já estamos brigando.
- Por que?
Fiquei momentaneamente sem palavras. Eu não tinha idéia do porquê. Eu só sabia que brigávamos e fazíamos isso o tempo todo. Nós nunca nos importávamos muito com os motivos.
- Você não sabe, não é? Não se importa mais.
- Não é verdade. – Eu comecei, mas minha voz não tinha certeza nenhuma. Ele percebeu. Sempre o fazia.
- Você sabe que é. Eu só não consigo entender.
- Nem eu. Eu juro, nem eu.
- Mas você devia. Você deveria saber o que quer.
- Eu sei o que eu quero.
- E o que é?
Me calei. Nós dois tínhamos essa resposta. Ela estava ali, exposta. Verbalizá-la seria torná-la real, mas alguém tinha que fazer. E eu fiz.
- Acho que já chegou a hora de acabar com isso. Eu quero o divórcio.

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