16 janeiro 2015

Areal.

O meu riso ecoava nas paredes, falso até mesmo pra mim. Já não fazia sentido tentar e sorrir amarelo, já era tarde demais pras pequenas partes de mim. Não havia um único fragmento que restasse inteiro, não havia uma partícula que não houvesse ruído e desistido, deitado ao chão e chorado até ressecar. Eu já não passava de manchas no tecido da vida, lágrimas suadas que correram contra o mundo até que eu evaporasse.
Meus passos já não marcavam o chão. Eu caminhava como um fantasma, deixando apenas sombras, deixando apenas rastros fracos que olhos contra o sol jamais veriam. Eu deixava de existir a olho nu, eu deixava de ser som e sorriso, eu deixava de ser.
Minhas pernas cansadas dobraram contra o chão, meu corpo encolheu-se contra si mesmo, meus pulmões cansados demais de respirar, tentavam parar. Eu já não queria insistir. Deixar de tentar soava doce. Parar de respirar me soava pacífico.
E eu mirei um ponto na areia, pra onde me arrastei, e ali deixei de ser pra sempre. Me juntei ao vendaval e desisti. Virei particula, pra sempre no ar, pra sempre nas memorias, parte da praia. E nada mais.

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