03 fevereiro 2013

Azul, muito azul.

(...)
Sinto seus olhos buscando os meus, mas não sei se já sou capaz de mergulhar no azul sem me perder. Nunca aprendi a nadar e essa coisa de azul-mar traz os arrepios mais loucos a minha pele. Evito-o por um segundo mais do que ele pode aguentar. Posso escutar quando ele suspira (e guardo eu o meu suspiro, por que o dele tem ar e peito mais que suficiente por nós dois).
“O o que eu quero realmente saber é se você vai parar de evitar os meus olhos e me deixar te beijar. Sabe, essas coisas que estão nas entrelinhas. Essas mensagens simples que você não está recebendo”.
                Contenho a urgência de revirar os olhos ou dar uma risadinha. Estou nervosa, me sinto patética e muito tentada a por meus braços em volta do seu pescoço, mandar a cautela às favas e ignorar o fato de estarmos sentados na porta do apartamento do meu tio, nas escadas, onde minha família pode facilmente me avistar, ralhar, fazer piadas e toda sorte de comportamento que me deixará envergonhada por eras inteiras. Mas a tentação é forte e eu a quero para mim, para abraça-la apertado e mostrar a ela minha melhor cara de coragem.
Sendo assim, eu mesma aproximo nossos rostos, eu mesma colo nossos narizes e respiro fundo a respiração que sai da gente, acaricio a pele que vai por debaixo dos meus dedos e me deixo enlouquecer por um segundo com a proximidade. Mantenho meus olhos abertos por uma estação a mais para observar bem de perto o azul-água que me atraiu desde o primeiro momento, e finalmente me jogo no mar profundo dos lábios que tomam os meus.
E nosso peito eclode em risadas antes mesmo que eu sinta palpitar o coração que bate por baixo. Por algum motivo, rir nos parece terrivelmente natural. Talvez seja o corredor, ou a posição, ou o modo como nossas mãos ainda estão entrelaçadas e colocadas por dentro dos meus cachos, no meu rosto, no meu coração. E ele me toca e eu só consigo sorrir feito boba e o azul parece refletir em todos os lugares que eu olho. E está tudo bem. Dizem que azul dá sorte. E é ano novo, afinal de contas. 

Um comentário:

  1. E eu que achava que encontrar gente como a gente é - além de egoísta da minha parte, como sempre, aliás - bom. Porque estar sozinha machuca tanto quanto pode curar.

    E, ah, que texto lindo. Passei algum tempo rodando pelo seu blog e fiquei abismada com... tudo. Você é ótima nisso, de escrever e se expressar.

    Beijo, Thai.

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agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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