
Talvez ele, o instinto, fosse homicida ou suicida ou só não prezasse por coisa alguma. O fato é que naquela noite, me levou àquela ruela nua, apagada e morta. Onde eu morri. Assim, de repente, num estampido. Um estalo, um zunido e um beijo.
Beijo da morte.
E então, quente e rápido, veio o sangue. E antes que pudesse tocá-lo ou entendê-lo, a queda. E sem vida, no chão, eu percebi: era vítima. E como tal, fui prenchida por dor e gelo. Por percepção. Pelo secreto dom da observação.
Sabe Deus qual era o sentido daquilo, o porquê daquele frio, a razão daquele tiro.
E o tempo era espaço, era infinito, era angustia e eu via o sangue fluir, manchar e se espalhar.
E eu não via luzes, flashes ou alguma escuridão clichê, eu só via a rua vazia de um ângulo errado, meio de lado, e escutava alguma risada ao longe, de gente feliz. De gente que ia sobreviver aquela noite não-tão-colorida.
E eu ali, caída, vítima da corriqueira violência que nos dá bom dia pela manhã. Mais uma, eu era agora estátistica, dado, sem rosto ou sabor. Eu era indigente por definição.
Eu era a definição manchada de sangue.
Muito bom!!!
ResponderExcluirAssim, meio suspense e sombra.
Adoro textos assim, também.
Beeijos
Juro que fiquei curiosa.
ResponderExcluirQuem a matou? Por que a mataram? E por que a risada?
hahahaha
;*