28 setembro 2009

saudades.


Eu observei ela se isolar com sua caixinha de musica tão amada sobre a bancada de grama do pátio molhado. Eu registrei todos os seus movimentos, seus gestos, seu olhar perdido. Registrei tambem as lágrimas que ela não quis deixar escapar. Mas eu podia quase senti-las, quase como se fossem em mim.
Saudades.
Mal único e (des)necessário, que machuca, que provoca e faz doer. De verdade, essa é a intenção. Não existe nenhuma outra razão para que se deseje ter de novo algo que já se foi. Não importa o quanto tenha sido bom e completo e reconfortante, se acabou não existia mais nada. Não existia mais tempo. Então a saudade, o sentimento é só pela dor. Pelo masoquismo, na maioria dos casos.
Ela sabia disso, estava cruelmente consciente e por isso não as deixava escorrer. Ela prendia seu sofrimento, escondia seu sentimento. Se calava.
Ela o guardava cuidadosamente no peito frágil, o seu amado, em si. Dentro de si.
Guardava suas lembranças, suas palavras, seus sorrisos.
Suas juras.
E seu peito não era capaz de protestos, os armazenava, superlotava a si mesmo com o sentimento molestador.
Ah, a saudade que eu podia ver se abarrotando nela naquela manhã de segunda. Infiltrando seu peito e substindo o ar de seus pulmões com a questão que ela nunca se deixa esquecer.
A pergunta que a levou até a bancada do pátio, a pergunta que a fez mirar o céu e ignorar todo o universo ao seu redor para se infiltrar na sua caixinha de memórias, onde ele era vívido, risonho e, principalmente, dela.
Será que ele também sente saudades...?

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