Ela mais uma vez chorou.
E para a maior das ironias, ela novamente chora por um sorriso. E para maior das surpresas do circo, ela cometeu o mesmo erro de se deixar levar por um sorriso encantador, por um ar de vida leve. Ela se deixou apaixonar, e chorou de verdade por isso.
Sua recompensa foi só a água, as lágrimas que escorreram amargas e incessantes sobre o seu rosto, à luz do dia. Ao lado de estranhos. Ao lado da pena alheia, de gente que nunca a havia visto. De gente que não se importava. De pessoas que evitavam o banco onde a pobre se enroscara na esperança de desaparecer sob o sol quente.
E ela, contra todas as ordens da sua mente consciente do erro, se deixou acalentar na esperança de que os olhares fossem pra ela. De que as coincidências fossem algo mais. De que o sorriso era dela. De que o garoto, o garoto do sorriso, o garoto com quem ela esbarrava todos os dias pelo corredor do seu trabalho desgastante fosse... Pobre tola, se deixou enganar pelos desejos do próprio coração solitário. E agora, chora, sem ombros, sem palavras e sem sorrisos. Sem presenças.
E ela chora, desesperada, sobre rodas de ônibus, sobre camas quentes, sobre a luz do sol e ursos de pelúcia. Sobre qualquer lugar em que ela possa se recostar, em qualquer lugar e a qualquer momento que o coração precise desabafar. Por pra fora essa esperança masoquista que persiste, que corta e que fere. Que faz chorar. Que faz sangrar e se esconder.
Que envergonha.
Ela chora, porque não há nada mais que fazer.
Ela chora, porque chorar dói menos.
Ela chora, porque já não sabe sorrir.
A vida levou seus sorrisos.
Chorar é geralmente, para mim, um consolo temporário. Acho que não o fazer é mais eficiente.
ResponderExcluirEnfim, ultra inveja do seu blog :O Cada vez que eu entro aqui tem um fundo diferente e mais fofo!!! ><
Adorei o texto baixinha...
ResponderExcluirMuito bom mesmo...
Chorar, as vezes, é a melhor opção!!
"De que as coincidências fossem algo mais."
Coincidência não existe...