14 novembro 2014

Suicídio.

E no silêncio ela chora, as lágrimas engolindo cada pedaço dela, molhando todo lençol, fronhas, travesseiros, pelúcias, cortinas, panos, tantos panos que ela usa pra se proteger.
E a água salgada é enxurrada rolando rosto abaixo, encharcando, afogando, sufocando, prendendo a respiração e apertando o peito, por que quem é que vive essa vida de merda, essa vida cansada, essa vida que nem vivida é.
E a depressão engolfa, mas ela é tão fraca e ela nem tenta e ela só dorme, ela se encolhe, ela não se move, ela nem tem pra onde ir.
E a depressão sufoca, mas ela não tem nada, ela faz corpo mole, ela quer a atenção, quer fazer a gente rir, quer fazer cena, como se fosse atriz.
E a depressão carrega a arma, acaricia a bala, faz buraco, faz sangrar, faz morrer.
E a depressão acorda, a depressão sufoca, a depressão prende no corpo a menina que não quer viver.
E a depressão move, a depressão empurra, a depressão leva os passos pequenos até o armário do banheiro, à cesta de remédios, aos comprimidos pequenos, redondos, letais.
E a depressão beija a testa, a depressão despede, a depressão dá o adeus, o alento, a atenção e a risada, a ultima risada, a despedida da vida que ela não quer mais forçar.
E a depressão acena e as mãos encostam nos lábios e as pílulas vão garganta abaixo e ela espera pra morrer.




E a depressão agora passa pra você. 




Sente falta de mim, por favor.

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