Sentados no banco da praça, eles olhavam o dia passar. Na verdade, ele olhava, já que as lágrimas grossas e prateadas não deixavam a pequena ver nem ao menos o céu azul a sua frente.
Sua tristeza era vista em seu rosto, e seu rabo de cavalo castanho claro parecia trazer algum amargor que lhe pesava sobre a cabeça. O vestido rosa era leve, mas só ele era algum traço de leveza naquela criatura. Todo o seu ser era de algum metal instransponível e arredio, que se recusava a deixá-la prosseguir. Ela era uma âncora em suas dores infantis.
Tão nova, tão perdida.
- Não, não chore, meu bem. - O mais velho tentou, inutilmente, acalmar aquela pequena menina. Não surtiu efeito, é claro.
Ao contrario, seu berro era cada vez mais agudo, seu tormento cada vez mais pronunciado. Um sofrimento que não cabia em criança e que era posto pra fora em forma de choro.
Pobrezinha, é tudo o que ela revelava na mente dos alheios.
- Não, por favor, não chore. - Ele repetiu, como quem alenta, como quem acaricia. Sua voz era doce veludo, seu olhar era só preocupação e sua expressão era de quem se importava. O doce mais velho que toda menina chorona precisa.
Não que ela reconhecesse isso. Não que ela visse alguma alternativa de não sofrimento no seu choro incessante.
- Por favor, não sofra. Por favor, me ouça. Por favor, me veja. Estou aqui, então por favor, por favor, não chore.
Palavras e pedidos, oferecimentos e petições. Ele implorava pelo fim do seu sofrimento. Tudo foi ignorado, todas as ofertas esquecidas assim que sairam da boca daquele doce mais velho. Ela não podia ouvir. Não sabia parar.
E finalmente, inspirada por algum sopro de tranquilidade, parou. Olhou para ele, seu doce mais velho, e tocou-lhe a face com a pequena mão, como quem se desculpa.
E sem as palavras que não sabia pronunciar, deixou a ultima lágrima escorrer. Se levantou de salto, beijou-lhe a testa e partiu. E no fim de tudo, ela agarrou sua sombrinha cor-de-rosa e voou pra longe, voou para o nunca mais.
lindo, lindo, lindo.
ResponderExcluirperfeito.