01 agosto 2009

Histórias De Princesas


Ela não se olhava no espelho há dias. Tinha medo do reflexo. De qualquer modo, ela não queria encarar a si mesma e constatar o que quer que fosse naqueles dias. Era mais seguro – principalmente pra ela – ficar assim. Sem pressões – especialmente vindas de si mesma. Sem imagens para sua mente cruel maltratar e criticar.

E então, sem coragem – ou vontade – para encarar o mundo, ela se sentava na janela para ver os dias passarem. Ela não queria fazer nada realmente, ela não tinha vocação nem talento, afinal. Ela só queria (e sabia) observar. E assim, com papel e lápis na mão, registrava com emoções tudo o que os olhos viam. Todos os finais e começos do mundo alheio, todas as nuances do desconhecido viver que ela rejeitava. Toda a vida que se desenrolava diante dos seus olhos, todo o desenvolvimento que ela nunca seria capaz de alcançar.
Às vezes ela imaginava também. E nos seus delírios, príncipes vivos e coloridos galopavam com sua pressa inconstante e vigorosa em seus cavalos negros, para ao fim da jornada tomarem-na com paixão entre os braços e buscarem seus lábios ansiosos. Ms mesmo ali, nos seus quase sonhos, ela não tinha a perfeição: Seus homens era cheios de defeitos e gracejos que jamais fariam parte da idealização de qualquer outra menina. Incompletos e esperando por ela.
Mas ela não era outra menina e era aquele jeito imperfeito e inocente sedutor que a fascinava. Incomum, inquieto e especial. Ela procurava tudo o que os homens são, mas escondem para agradar – ela procurava o autêntico. Ela queria o sincero e natural príncipe encantado do cavalo negro. O selvagem, o bruto, o que chegaria mais próximo de ser um homem de verdade.
Até porque, ela se encontrava muito longe de ser uma princesa, e o príncipe encantado não poderia, portanto, ser seu par ideal. Então ela se apaixonara pela versão alternativa, o único rebelde o suficiente para arrancá-la de seu estupor e puxá-la para o outro lado da janela, para a vida. E ela queria viver, queria viver com ele. Ela o queria acima de tudo e, embora suas prioridades biológicas fossem outras, nada convenceria sua cabeça de estar errada. Ela acreditava naquela verdade e acreditava nele.
E então ela espera. Ela segue descrevendo os dias de sua janela, ela segue acompanhando a vida, segue registrando o mundo enquanto espera por ele, o seu amor. E na sua realidade alternativa, onde ela é princesa e ele príncipe, o universo também espera por ela. Pelo momento em que ela encontrar o motivo da vida e a sua felicidade de fim de livro.

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okay, prometo que esse é o ultimo texto que eu escrevo nesse tema :x

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