16 agosto 2009
Felicidade?
- O que eu realmente quero dizer é: que papo é esse de felicidade? Isso não existe.
Incrédula. Era o que ela era. Mas devo admitir que também não acreditava na história de final feliz que pregavam por aí. Não é como se fossemos alcançar. Talvez um momento de alegria, um segundo onde o calor fosse mais intenso e coração mais quieto. Felicidade, jamais.
- Eu acho que você está sendo pessimista. É claro que existe felicidade.
Esperançoso, otimista, tolo. Não aranjaria palavras mais precisas para aquele jovem rapaz. Apaixonado pela própria vida, pela melhor amiga, pelas coincidencias que tomavam seus dias de assalto. O tipo de pessoa que confia no acaso e acredita que tudo vai melhorar. No minimo, ridículo.
- Eu não vou discutir com você. Nunca dá em nada, de todo modo. Você é incorrigível.
- Agora eu sou o teimoso?
- Não sempre foi?
- Tive a impressão que era o contrário.
Eles se olharam por um momento, se medindo, se estudando. Quase como se não se conhecessem há anos.
Sorriram.
E tudo o que havia entre eles era cumplicidade. Ainda que fossem tão opostos, ainda que fizessem parte, de tantos modos, um do outro. Era amor, eles sabiam, mas não iam admitir. Ambos eram os teimosos.
- Gosto desse seu sorriso.
- Eu não gosto muito desse seu. - Ela admitiu. - É o seu sorriso de vitória. Odeio perder.
Ele riu.
- Eu sei. Mas eu não posso fazer nada, se eu sempre ganho.
- Não é muito justo, você sabe. Você nem merece todas essas vitórias. E ficar exibindo elas pra mim, é tão errado.
- Eu fico feliz quando ganho. Principalmente de você. E é direito meu exibir todas essa felicidade.
- Diga satisfação.
- Porque?
- Já falei, isso não existe. Não seja o teimoso dessa vez.
- Não posso dizer que não é felicidade. Eu fico feliz quando estou com você, sinto muito se você não e capaz de aceitar isso.
- Também fico. - E ele sorriu, e ousou sorrir seu sorriso mais vitorioso. - Satisfeita. - Ela se viu obrigada a adicionar.
- Você fica feliz e sabe disso. Satisfação não é suficiente pra descrever isso.
- Como você é convencido!
- Me diga se não é verdade - Ele exigiu, esnobe.
- Eu, eu... Ah, tanto faz. Entenda como quiser.
E ele sorriu de novo e ela não acompanhou, embora quisesse. Afinal, ela realmente a sentia. A tão não-querida e desacreditada felicidade. E ela o mirou, ressabiada. Dividida entre o ofendida e o contente, entre a descrença e o real, o que pulsava no seu peito. Cerrou os olhos, descontente com mais uma vitória do campo inimigo.
Ah, sim, ela definitivamente a sentia.
Felicidade?
2009-08-16T21:53:00-03:00
thaic.
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