27 julho 2009

Ela, a bitch.

Ela corre por aí desde pequena, pulando das pedras da cachoeira, pulando das escadas, ela pula. Ela joga terra nos vizinhos, ela odeia os gatos, ela não se preocupa em abaixar a voz. Ela era má influência, ela era assustadora, ela era a errada. A única certeza que tinham dela era que era imprevisível e todos os seus atos eram temidos. Ninguém nunca esqueceu como ela reagiu quando o cachorrinho morreu e ninguém desconhece o culpado de todas as explosões de adrenalina e de tijolos da cidade.
Seus porquês são um mistério. Provavelmente nem ela sabe porquê ela é assim.
Ela destroçou o coração do mocinho, ela esqueceu o nome do cara por quem se apaixonou, ela nem imaginava quantos ela já tinha beijado naquela unica noite. Ela não se considerava fácil, ela não se achava grande coisa, ela não pensava em si mesma e nem nos outros. Ela negou o pedido de casamento, ela desprezou a promoção, ela esqueceu do carnaval. Ela abraçou o perigo, ela beijou o desconhecido, ela se entregou ao incerto. Ela fechou os olhos e atravessou a rua, ela correu nua pelo calçadão e conseguiu escapar da polícia. Definitivamente, ela não tem jeito. Nunca teve. E pra esse caso sem solução não há nada a fazer; ela faz tudo para sí mesma. E não há nada que se possa acrescentar, ela já é suficiente. Problema o suficiente, mulher o suficiente, maravilhosa o suficiente. Ela é bitch, ela é divertida, ela é dada; definitivamente, ela é o que quer ser.
Definitivamente, não há nada que eu possa dizer para defini-la. Ela é definitiva o suficiente também. Pra mim, pelo menos. Pra ela. Pra quem quiser.

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