Duas lagrimas grossas, profundas e cruéis desceram pelo meu rosto. Não fui capaz de desvendar e descobrir o porquê, de entender, mas senti a dor que as criou, profunda e gelada. Medonha.
E aqui, na realidade dura do meu quarto, do meu mundo real, não há ninguém para secá-las. Nenhum par de mãos amorosas vai sair do infinito para me acalentar e confortar. Sou só eu por mim mesma aqui, zelando por mim.
Não há vozes amigas perguntando porquês, não há abraços, não existem palavras de consolo. É tudo frio, profundo, amargo e cruel, assim como minhas lágrimas.
O mundo inteiro estava dentro daquelas gotas d’água destinadas a morrerem em meus lábios. O mundo todo, o meu mundo, era água e sal, rolando rosto abaixo.
Era mar, era revolta, era dor.
Mas era meu.
E acabou bem ali, antes do mim do meu rosto.
Antes do meu fim.