28 junho 2009
Em silêncio.
E a minha felicidade se mostrou fumaça, que se esvaiu rápido, sumindo antes que eu tivesse a chance de capturá-la. E eu nem ao menos fui capaz de entender o porquê, já que antes, segundos antes, eu era como o sol, radiante, expandindo em sorrisos e abraços. E de repente depressão me envolveu, e eu chorava rios profundos até mesmo nos comerciais e propagandas de tv. Eu estava sem controle.
E eu me calei e chorei em silêncio, pra dentro, me afundando numa tristeza que desconhecia sua causa. Mas o fiz satisfeita, ou pelo menos tão satisfeita quanto a situação me permitia, sem nenhum peso por me obrigar a sofrer sozinha. O silêncio me é comodo, evita perguntas, evita que eu me magoe por que, na verdade, não haveriam perguntas. O silêncio é quase anestésico, quase um remédio para minha dor sem motivos, mas ainda sim existente.
E eu fiquei quieta, incapaz de sorrir, mas ainda sim intacta para olhos externos. Eu me deixei aparentar a dor apenas nas letras que expus ao mundo, talvez porque soubesse que ninguém jamais leria. Ainda sim, na minha cabeça confusa, era o meu modo de deixar os outros saberem. Meu modo de fingir que alguém sabia e que se importava por eu estar sufocando lentamente, submergindo, me afogando por dentro. E no meu infinito particular, no meu infinito de letras e de sentimentos, o invisível me respondia e me dizia para não sofrer.
E eu chorei de gratidão.
20 junho 2009
E agora outro sorriso.
Era o mesmo cenário. Os mesmos amigos, a mesma mureta, o mesmo pôr do sol, os mesmos sorrisos. Mas havia na essência da cena, algo de diferente. Algo que ele se perguntava o quê seria no silêncio dos seus sempre privados pensamentos.
- E aí? - Ele perguntou, parecendo tão entediado quanto sempre.
- O quê?
- Você parece... diferente hoje. - Ela olhou pra ele de canto de olho. - Na verdade, ultimamente você tem andado... estranha.
- Sério? - E ele concordou com a cabeça. - Não acho.
E ficaram em silêncio por algum tempo, ela não parecendo muito consciente dele ao seu lado. Ele, por outro lado, não tirava os olhos dela, tentando sem sucesso absorver a causa da mudança que ele notara recentemente. Ela já não estava tão ansiosa, já não falava tanto, não sorria tanto. Perdia o olhar no infinito tantas vezes enquanto estavam juntos, que nem ao menos parecia estar ao lado dele. Estava em um mundo próprio, privado, onde ninguém tinha permissão de ir. Pelo menos, não ele. E isso era tão novo, tão inesperado que até mesmo ele, um distraído, foi capaz de reparar.
- Ah, como é? Tem que ter acontecido alguma coisa.
- Não, não aconteceu. – Ele apertou os olhos, mas ela não viu. Estava mirando o sol ao longe.
- Você não quer me contar, tudo bem.
Era o tipo de frase que funcionava com ela. Era incapaz de aceitar que ele não acreditasse nela, incapaz de se manter tranqüila ante a um “você não confia em mim”. Provaria que confiava, como sempre fazia, mesmo que se traísse ao fazê-lo. Ela não precisava confiar em si mesma, afinal. Ninguém o fazia, porque haveria ela?
- Você sabe que não é verdade. E eu odeio quando você faz isso. – Ela suspirou.
- Isso o quê?
- Joga a minha insegurança contra mim. – Ele piscou, perdido por um segundo nos próprios atos. – A sua mente é fechada, você não é capaz de dividir comigo o que sente. Não mais, pelo menos. Mas eu não, eu sou obrigada a te contar cada pequena aflição, mesmo quando eu não sei o que estou sentindo. Desculpe, não tenho nada pra te dizer agora. E eu nem estou me sentindo culpada. Estou confusa nesse momento.
Mais um silêncio, dessa vez constrangido, tomou conta do espaço entre eles. Ele nunca reparara que ela se incomodava com as atitudes ou com o silêncio dele. Nunca parou nem ao menos pra pensar na possibilidade. Ele nunca parava pra pensar muito nela, na verdade. Se sentiu culpado por isso. Principalmente, porque ele sabia que ela pensava.
- Desculpe.
- Tudo bem. – Mas sua voz era áspera. Ela voltou a suspirar. – Estou acostumada mesmo.
- Desculpe. – Ele repetiu.
- Eu já disse que tudo bem. Não faz diferença agora. – E ela olhou pra cima, pro céu avermelhado que sorria pra ela. Mas ela não sorria de volta pra ele.
Ela chorava.
Prateada e silenciosa, a lágrima correu pelo rosto triste da menina. Singela e única, quase imperceptível na luz fraca do entardecer, mas ainda sim presente, viva, cortante.
- Porque você está chorando? – E o tom de pânico dele era risível. Infelizmente, ela não conseguia sorrir.
- Não sei. – E junto com o suspiro, vindo do fundo do peito, mais lágrimas vieram, correram e mancharam o rosto da menina. – Eu não sei, eu não entendo, eu não sou capaz de fazer isso.
- Isso o quê?
- Não sei! – Soluço. – Eu estou pensando. Pensando muito. Não consigo parar. Não consigo sentir. Não está saindo nada de bom disso.
- Dá pra ser mais clara?
- Eu... acho que me apaixonei por um sorriso.
- Você já tinha me contado isso. – Ele falou, e deu um meio sorriso por estar conseguindo chegar lá, finalmente.
Uma solução?
- Mas agora é diferente. Eu não tenho certeza.
- Porque não?
Ela não olhava pra ele, mas parecia pensar numa resposta. Seu olhar – e suas lágrimas – continuavam brilhando para o entardecer, cristalinas, cheias de vida e de significados ocultos. Cheios de um sentido que ele não conseguia compreender.
- É especial. Mas não é quente. Me faz esquecer todos os outros sorrisos que já me fizeram sorrir na vida, mas não me faz sorrir. É perfeito, mas não é pra mim. Não é de verdade dessa vez, é... está me deixando confusa, e está doendo. Está doendo porque está apagando o meu outro sorriso de mim, e está me deixando sem nada. É ruim, é ruim e é sufocante.
- Eu...
Ele não tinha o que dizer, não havia palavras pra dizer a ela. E ela continuava chorando, soluçando, se desfazendo. Ali, bem ao lado dele. Ele estava meio que impotente. Inútil.
E por não ser mais capaz de salvá-la, ele passou o braço por seu ombro, esperando que aquilo pelo menos a confortasse. Não havia mais nada que ele pudesse fazer agora. Não dependia mais dele. E ele não poderia sorrir nem se quisesse, e nem se pudesse ajudaria de algo. Ela agora tinha outro sorriso. E o sorriso nem era dela.
18 junho 2009
Retratos: A queda.
" - Muito magrinha.
- E de ladinho é feinha pra caramba.
- ... "
- ... "
E você automaticamente pensa em me dizer, em vista disso, algum pensamento ou frase clichê do tipo "o que importa é o que você sente". Não nego a verdade disso, mas vai dizer que não é um belo de um chute no ego escutar uma coisa dessas? Afinal de contas, não é exatamente pra você mesma que você, menina, se arruma e se empeteca todo dia pela manhã. Talvez até seja, mas, nem que seja numa pequena parte, você está esperando que alguém note, que alguém elogie ou pelo menos que alguém te dê um sorriso amigável pela tentativa. Eu bem que já desconfiava que ultimamente eu não andava lá grandes coisas (não que já tenha sido algum dia), mas ainda sim ouvir a verdade tão nua e crua, como que me batendo, em palavras de gente que nunca me viu? Sei lá... Caí lá de cima.
14 junho 2009
Chorando sobre rodas
E é claro que no momento em que meu lápis tocou o papel, todas as palavras desapareceram. Toda dor tangível e aplicável, no entanto, continuarou presente. Eu não era capaz de expurgá-la de mim, então ela continuava latejando impertinente em tudo o que era eu. E isso realmente doía.
Talvez fosse um pedido mudo, talvez significasse alguma coisa. Eu jamais saberia dizer. O único que eu sabia – e mais que isso, sentia – era a dor e ela me dilacerava de todas as maneiras imagináveis.
As lágrimas que eu continha tentavam a todo minuto escapar por alguma brecha; a menor palavra ou toque – seguidos de um olhar estratégico – uma ou duas forçavam saída. Eu estava ruindo lentamente, vendo meu disfarce e minha máscara desabando pouco a pouco. Não havia mais onde me esconder, atrás de ninguém parecia seguro o suficiente. Os ombros fugiam como que ao toque de um sinal na hora mais precisa, e eu me mantinha de pé, ainda que cambaleante, esperando um momento certo pra deixar sair, de algum jeito.
Mas agora não havia mais como e o chão parecia estranhamente próximo de mim de algum jeito, talvez eu estivesse desmaiando. Talvez não. Eu ainda estava presa na minha consciência vermelha-vivo despedaçada e sem vontade de me recompor, já que não havia mesmo ninguém pra fazer isso por mim – aquele maldito sinal.
E agora? Como continuar? Como parar? Só... Como?
O Amante Universal.
Mãos sem corpo me abraçaram e aqueceram meu ser.
Lábios sem rosto me beijaram, macios como o veludo que forma o céu claro.
Olhos profundos me fitaram, olhos que boiavam na superfície do infinito. Verdes azuis, castanhos, cinza, âmbar; tom nenhum jamais seria capaz de descrever a intensidade da cor daqueles olhos tão perfeitos. Incríveis e indiscutivelmente lindos, brilhando só pra mim. Só por mim.
As mãos, delicadas, descobriam meu corpo, me aninhando e fazendo descobrir emoções e sensações que eu não conhecia. Que nem ao menos imaginava existirem. E assim, suaves, estas mesmas mãos pousaram-se na minha cintura, fazendo dela propriedade sua.
Os lábios, agora tocavam lentamente meus olhos, descansando sobre minhas pálpebras fechadas e me enchendo de ternos sentimentos. Eu o amava. Eu o amava e precisava de mais dele do que aquele contato curto podia me dar. Eu precisava de intensidade, de força e de feracidade, e de ansiar por isso meu desejo se converteu em desespero.
Tive medo. Apavorei-me com a idéia de abrir meus olhos e perdê-lo para o infinito ao qual ele pertencia. Sentindo minha aflição, de suas mãos estenderam-se braços que me cercaram de seu corpo sem matéria e me prenderam com força em seu corpo incompleto. Tremi.
Ainda de olhos fechados e tolamente apreensiva, eu almejava por muito mais do homem que me segurava em si, do meu homem invisível e intocável que me amava com tanta intensidade que inexistia só por mim. Ainda sim, feito só pra mim.
Eu queria mais do que ser envolvida só por braços fortes em abraços quentes, eu queria mais que apenas os lábios que passeavam pelo meu rosto febril. Eu queria a massa, a textura e o corpo do homem que me amava, do meu homem inexistente, mas ainda sim completa e totalmente meu. Meu amante universal, meu homem sem formas, sem cor, sem pele, sem ossos e sem rosto.
Perfeito em gestos, em toques, em sussurros e carinhos. Perfeito em ser, pra mim, o não ser incompleto que apenas me completava. Perfeito pelo simples fato de me amar sem nenhuma barreira, nem mesmo física.
Energia, sentimento, ele, eu.
Nós.
11 junho 2009
Quase lado a lado.
Ela estava chorando. Sentada nos degraus de pedra, soluçando desesperada, com o coração reduzido a estilhaços. Ela era dor na sua forma mais simples e mais pura: ela era a desesperança feita em lágrimas. Gotas cristalinas de um coração partido, despedaçado e semi-morto. Triste.
Ele estava ao lado, mas não perto o suficiente. Nem mesmo em pensamentos. Distante, frio, impassível e insensível ao sofrimento ao seu lado. Nenhuma pergunta saiu de seus lábios e nenhum toque surgiu de suas mãos. Ele só precisaria estender o braço, só precisaria se importar. Mas ele não o fez. Permaneceu estático, neutro e inatingível. Gélido.
E assim, lado a lado, eles permaneceram. Inconscientes do resto do mundo e quase inconscientes um do outro. Quase, porque ela sabia que ele estava ali, e era isso que provavelmente a convertia em água e soluços. Quase, porque ele sabia que ela estava ali, mas não se sentia impelido a ajudá-la.
Quase porque ela o amava e era incapaz de não senti-lo. Quase porque ele a conhecia, e não era capaz de amá-la.
Ele estava ao lado, mas não perto o suficiente. Nem mesmo em pensamentos. Distante, frio, impassível e insensível ao sofrimento ao seu lado. Nenhuma pergunta saiu de seus lábios e nenhum toque surgiu de suas mãos. Ele só precisaria estender o braço, só precisaria se importar. Mas ele não o fez. Permaneceu estático, neutro e inatingível. Gélido.
E assim, lado a lado, eles permaneceram. Inconscientes do resto do mundo e quase inconscientes um do outro. Quase, porque ela sabia que ele estava ali, e era isso que provavelmente a convertia em água e soluços. Quase, porque ele sabia que ela estava ali, mas não se sentia impelido a ajudá-la.
Quase porque ela o amava e era incapaz de não senti-lo. Quase porque ele a conhecia, e não era capaz de amá-la.
07 junho 2009
Sem título.
Duas lagrimas grossas, profundas e cruéis desceram pelo meu rosto. Não fui capaz de desvendar e descobrir o porquê, de entender, mas senti a dor que as criou, profunda e gelada. Medonha.
E aqui, na realidade dura do meu quarto, do meu mundo real, não há ninguém para secá-las. Nenhum par de mãos amorosas vai sair do infinito para me acalentar e confortar. Sou só eu por mim mesma aqui, zelando por mim.
Não há vozes amigas perguntando porquês, não há abraços, não existem palavras de consolo. É tudo frio, profundo, amargo e cruel, assim como minhas lágrimas.
O mundo inteiro estava dentro daquelas gotas d’água destinadas a morrerem em meus lábios. O mundo todo, o meu mundo, era água e sal, rolando rosto abaixo.
Era mar, era revolta, era dor.
Mas era meu.
E acabou bem ali, antes do mim do meu rosto.
Antes do meu fim.
E aqui, na realidade dura do meu quarto, do meu mundo real, não há ninguém para secá-las. Nenhum par de mãos amorosas vai sair do infinito para me acalentar e confortar. Sou só eu por mim mesma aqui, zelando por mim.
Não há vozes amigas perguntando porquês, não há abraços, não existem palavras de consolo. É tudo frio, profundo, amargo e cruel, assim como minhas lágrimas.
O mundo inteiro estava dentro daquelas gotas d’água destinadas a morrerem em meus lábios. O mundo todo, o meu mundo, era água e sal, rolando rosto abaixo.
Era mar, era revolta, era dor.
Mas era meu.
E acabou bem ali, antes do mim do meu rosto.
Antes do meu fim.
05 junho 2009
Impressão.
- Escrevi textos novos.
Ela começou e ele sorriu.
- Quero ler.
- Não acho que seja boa idéia. – Ela colocou, e ele apertou os olhos numa pergunta muda. Ela explicou melhor, então. – Eu não quero que você leia.
- Posso saber porque?
A mente dela era capaz de responder essa, facilmente, aliás. Ela tinha medo do que os olhos dele encontrariam em suas letras, tão repletas de seus próprios pensamentos e delírios que eram quase um retrato falado de sua consciência.
Os sentimentos da pobre menina eram tão cheios dele, que ela tinha certeza que ele seria capaz de se encontrar facilmente em sua escrita logo nas primeiras linhas. Tremia só de pensar nessa possibilidade.
- Não, acho melhor não.
- Ah, qual é, não podem estar tão ruins.
- Não acho que estejam. Só não quero que você veja.
- Por quê? – A ofensa estava em sua voz, mas ela a ignorou.
- Porque são meus esboços, meus dramas. Não parece certo que você os leia. – E ele certamente se perguntava porque então o resto do mundo podia vê-los. Ela não os exibia sempre?
- Por que me disse que escreveu então?
- Achei que você ia ficar feliz de saber, feliz por mim. – Ela foi firme. – Mas não quer dizer que vou deixar você ler.
- Qual o preconceito comigo?
- Nenhum. – Ele apertou os olhos, querendo sondá-la, e ela sorriu.
“É só que você está impresso demais nisso”.
- Então?
- O que você diria se encontrasse a si mesmo num texto?
- Ah... Talvez eu ficasse lisonjeado.
- E se esse texto fosse meu?
- Eu não sei. – Ele respondeu, momentaneamente desarmado.
Ficou em silencio por algum tempo. Depois sorriu, sem graça, e encontrou nela só um olhar sério. Ele nunca pensara nem ao menos na possibilidade. Será que ela...?
- Enfim, não acho que seja uma boa idéia.
- Está sendo meio injusta.
- Por quê? – E seu tom de voz tinha mesmo uma pergunta.
- Porque você deixa desconhecidos lerem!
- Faz muito mais sentido. Eles não me conhecem.
- É isso que faz a diferença?
- E se você estivesse num texto? E se não fosse bom? O que você diria? O que você me diria?
- Eu não sei!
- Então não! – Ele abriu a boca para protestar. – Volte com uma resposta e te deixo ler.
- Eu vou voltar.
- E eu vou esperar.
- Claro que vai.
Se olharam carrancudos, e ela revirou os olhos. Estava chateada.
“E isso vai me render mais algumas linhas, que eu espero sinceramente que você também não leia”.
Ela começou e ele sorriu.
- Quero ler.
- Não acho que seja boa idéia. – Ela colocou, e ele apertou os olhos numa pergunta muda. Ela explicou melhor, então. – Eu não quero que você leia.
- Posso saber porque?
A mente dela era capaz de responder essa, facilmente, aliás. Ela tinha medo do que os olhos dele encontrariam em suas letras, tão repletas de seus próprios pensamentos e delírios que eram quase um retrato falado de sua consciência.
Os sentimentos da pobre menina eram tão cheios dele, que ela tinha certeza que ele seria capaz de se encontrar facilmente em sua escrita logo nas primeiras linhas. Tremia só de pensar nessa possibilidade.
- Não, acho melhor não.
- Ah, qual é, não podem estar tão ruins.
- Não acho que estejam. Só não quero que você veja.
- Por quê? – A ofensa estava em sua voz, mas ela a ignorou.
- Porque são meus esboços, meus dramas. Não parece certo que você os leia. – E ele certamente se perguntava porque então o resto do mundo podia vê-los. Ela não os exibia sempre?
- Por que me disse que escreveu então?
- Achei que você ia ficar feliz de saber, feliz por mim. – Ela foi firme. – Mas não quer dizer que vou deixar você ler.
- Qual o preconceito comigo?
- Nenhum. – Ele apertou os olhos, querendo sondá-la, e ela sorriu.
“É só que você está impresso demais nisso”.
- Então?
- O que você diria se encontrasse a si mesmo num texto?
- Ah... Talvez eu ficasse lisonjeado.
- E se esse texto fosse meu?
- Eu não sei. – Ele respondeu, momentaneamente desarmado.
Ficou em silencio por algum tempo. Depois sorriu, sem graça, e encontrou nela só um olhar sério. Ele nunca pensara nem ao menos na possibilidade. Será que ela...?
- Enfim, não acho que seja uma boa idéia.
- Está sendo meio injusta.
- Por quê? – E seu tom de voz tinha mesmo uma pergunta.
- Porque você deixa desconhecidos lerem!
- Faz muito mais sentido. Eles não me conhecem.
- É isso que faz a diferença?
- E se você estivesse num texto? E se não fosse bom? O que você diria? O que você me diria?
- Eu não sei!
- Então não! – Ele abriu a boca para protestar. – Volte com uma resposta e te deixo ler.
- Eu vou voltar.
- E eu vou esperar.
- Claro que vai.
Se olharam carrancudos, e ela revirou os olhos. Estava chateada.
“E isso vai me render mais algumas linhas, que eu espero sinceramente que você também não leia”.
01 junho 2009
Sunny Day.
Ela me irrita. É fato, não há o que discutir.
Seus sentimentos, seus sorrisos, seu amor, seu ódio.
Ela é pra mim quase tanto quanto eu sou (ou tento ser) pra ela, com a diferença de que ela não é incondicional.
Ela só me quer pra sorrir, porque tanto ela quanto eu já cansamos das minhas lágrimas, da minha dor.
Ela me diz ter tanto amor, ela me faz tantas promessas, mas ela foge.
Ela parte, ela me engana, ela me trai.
Já passou do tempo em que eu me magoava com isso.
Já se foi a época em que eu chorava por isso.
Agora, eu-e-ela só existe nos dias de sol. Nos dias de luz, de paz.
Porque eu já aprendi que nas sombras, na chuva, no desespero, nem ela nem eu somos suficientes.
Nós somos incompetentes.
Não servimos parar sanar as dores uma da outra.
Nós não acreditamos mais que podemos.
Nós bem que queríamos, nós bem que desejamos, mas isso também não é suficiente.
Quase nada é.
Querer não é poder e fazer é muito mais que desejar.
Nós já aprendemos isso também.
Mas nós não desistimos.
Afinal, nos dias de sol, tudo é tão alegre...
Seus sentimentos, seus sorrisos, seu amor, seu ódio.
Ela é pra mim quase tanto quanto eu sou (ou tento ser) pra ela, com a diferença de que ela não é incondicional.
Ela só me quer pra sorrir, porque tanto ela quanto eu já cansamos das minhas lágrimas, da minha dor.
Ela me diz ter tanto amor, ela me faz tantas promessas, mas ela foge.
Ela parte, ela me engana, ela me trai.
Já passou do tempo em que eu me magoava com isso.
Já se foi a época em que eu chorava por isso.
Agora, eu-e-ela só existe nos dias de sol. Nos dias de luz, de paz.
Porque eu já aprendi que nas sombras, na chuva, no desespero, nem ela nem eu somos suficientes.
Nós somos incompetentes.
Não servimos parar sanar as dores uma da outra.
Nós não acreditamos mais que podemos.
Nós bem que queríamos, nós bem que desejamos, mas isso também não é suficiente.
Quase nada é.
Querer não é poder e fazer é muito mais que desejar.
Nós já aprendemos isso também.
Mas nós não desistimos.
Afinal, nos dias de sol, tudo é tão alegre...
Divagando sobre letras.
Não tenho achado sano de minha parte andar por aí bebericando das letras alheias. Mas, infelizmente, as minhas não tem se apresentado suficiente. Peninha. Peninha mesmo.
E então eu me farto, mergulho, tomo chá e café enquanto degusto do talento alheio, criando sorrisos e sonhos de palavras que me completam - mas que não me pertencem.
Estaria eu assim tão errada?
É condenável demais?
Já é tão parte de mim acompanhar os escritos dos outros, já é tão comum me satisfazer com seus pequenos caracteres cheios de significados...
Não sei exatamente o que pensar sobre isso. Mas é tão bonito o sentimento que nasce, é tão completo o que vem a tona que eu não consigo parar.
Não quero parar.
Será que eu deveria...?
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