Hoje não tinha uma só nuvem, hoje só tinha sol e eu saí de casa com o peito embrulhado em esperança (como é que eu ia saber que ia dar tudo errado?). E eu sorri pela manhã e eu cantei canções e eu falei de amor e escrevi sobre fazer valer a pena e eu respirei bem fundo e fechei meus olhos e acreditei (e, sério, não tinha como ser pior).
E eu falhei e eu sofri e eu chorei e eu duvidei, e tentei me apagar de mim e esquecer, por que doía no peito, mais que nunca, aquela dor de estar perdida e não ter valor. Mas, ao que parece, nem das minhas tristezas eu tenho o direito de escapar (por que, é claro, sempre pode ser pior).
E agora todo o meu desprezo é pra mim. Eu o mereço mesmo. E a lâmina que amolei por horas, enquanto remoía minhas palavras e meus atos e minhas faltas, é pra mim que ela aponta. E a dor, e o destino, e o acaso, tudo conspira, tudo me faz tropeçar. Nem me ajudar eu consigo. Eu me saboto. Eu me destruo (por que consigo fazer tudo pior, mesmo quando parece que já não há como).
E foi céu azul o dia todo, foi dia claro, foi esperança, foi brisa fresca de verão e sorrisos por todos os lados em que eu não estava. É que, no fim das contas, não acho mesmo que azul seja minha cor.