- Eu não quero mais brigar. Não quero fazer isso.
- Nem eu.
- Poderia ter me enganado.
Sarcasmo. Típico.
- Não importa o que eu diga, você nunca acredita mesmo.
- Você poderia tentar dizer a verdade, e aí talvez eu acreditasse.
- Verdade? O que você sabe sobre a verdade? Fingir lhe vem tão naturalmente quanto respirar. Você não sabe nada sobre verdade.
- Eu não sou assim. Eu não sou uma mentirosa.
- Você sabe que é. E eu nem sei por que você sente tamanha necessidade de se esconder. A pessoa que você é de verdade é muito mais interessante do que essa que você monta.
- Eu sou isso aqui e você sabe perfeitamente disso. Não estou me escondendo ou me fazendo, não estou me adequando; Eu sou isso aqui que seus olhos vem, só isso e nada mais.
- Não é verdade. Eu e você sabemos disso. Você é bem mais, pode entregar muito mais. Eu já vi muito mais de você do que isso. Já tive muito mais.
- É esse o motivo disso então? Eu já te dei mais de mim antes?
- Não. E sim. Eu amei aquela mulher que entregava mais. Aquela que sabia o que queria, que abraçava apertado sem motivo e que ria alto na rua. Amei aquela mulher que não sabia ficar de fora, que ficava excitada na livraria e que chorava pelas dores dos outros. Eu amei aquela mulher, amei-a com a minha vida, mas agora ela se extinguiu.
- E eu sou a sobra? O que restou?
- Não. Você só... mudou.
- Faz parte. As pessoas evoluem, elas melhoram. Pelo menos, elas tentam.
- Nem toda mudança é positiva.
- Eu que o diga.
- E o que isso quer dizer?
- Você pode dizer o que quiser sobre a minha risada nas ruas, mas você também mudou. Ou você acha que era o único que tinha amor entre nós? Eu também amava o homem que você era. Eu amava o tom da sua voz, aquele tom de para sempre e retidão, e eu amava o seu compromisso com as causas certas, o seu carinho e dedicação, principalmente com quem não fazia por merecer. Eu amava todos os pequenos detalhes, e todas as grandes coisas, mas elas foram embora. Seu tom mudou e você agora é todo silêncio, e as causas certas o tempo roubou de você. E no final das contas, todas aquelas coisas que eu amava tanto, que eu admirava tanto, ficaram pra trás. Mas eu não. O meu amor não. Eu continuei a caminhada, eu continuei aqui, te amando a cada segundo, a cada mudança. Por que por mais que eu amasse tudo o que você era, eu amo você. Eu e você, juntos. E todas aquelas coisas que foram ou são ou serão ainda são você, e me fizeram chegar até aqui, nesse ponto exato onde meu peito explode amor. E você mudou, é verdade, e é provável que ainda mude. Mas isso não muda nada. Não em mim. Eu nunca vou aprovar tudo o que você é, por que você não é perfeito, assim como eu não sou. Isso é realidade, mas não termina amor. Por que eu amo você até nas possibilidades, sempre amei, e isso não vai mudar. É derradeiro.
E embora ele a mirasse assustado, ela não se acovardou, por que nunca o fazia. Sacudiu a cabeça, como quem afasta de sí aquela dúvida que ele carregava nos olhos. Ela nunca as deixava tomarem conta de sí, e ela nunca se consumia nelas. Ela vivia pelas certezas que carregava.
- No meu peito o amor só cresce, por que é de verdade, do fundo de mim. Mas se pra você era só parte, detalhe, se era amor pra pequenos traços que você já não pode ver, por favor, não se obrigue a ficar. Se pra você quem eu sou hoje não é suficiente, você está livre pra partir. Eu já decidi há muito tempo caminhar sem andar pra trás. Eu não me permito atrasos, e você sabe disso. Mas se você não quer me acompanhar... É dor, mas é a vida.
E ele a olhou como se a visse pela primeira vez, como se ela fosse outra, fosse nova, fosse inédita e pronta pra amar - e de certa forma, ela era. E ele se apaixonou de novo. Assim, simples. E ele amou aquela verdade que se exibia nos olhos, amou o discurso pausado e a certeza das palavras e dos sentimentos. Ele amou que fosse incondicional e que se deixava rasgar, mas não se trair. Ele amou que não voltasse atrás. Amou tudo; o que ela era, o que havia sido, o que ainda seria. Ele a amava, e era tudo.
E deu um passo a frente, sem vacilar, sem perguntar ou duvidar. As mãos tomaram o rosto familiar e os olhos a engoliram. Ele a queria e a tinha, e beijou-lhe os lábios com a promessa de não partir, não desistir, de amar possibilidades, ecos e segredos. E ela entendeu e aceitou, por que o queria, sempre quisera, e caminhar com ele sempre lhe soou como felicidade.
E não era perfeito, nunca seria, mas era amor, e sempre seria - ainda que mudasse, que deixasse de rir ou respirar. Era amor apesar de tudo, e o que ia por trás não era de todo importante, por que eles eram um só quando os dois, e mudariam juntos pra sempre ser. Por que eles eram amor apesar de - e a certeza era bonita de ver.
- Eu sou isso aqui e você sabe perfeitamente disso. Não estou me escondendo ou me fazendo, não estou me adequando; Eu sou isso aqui que seus olhos vem, só isso e nada mais.
- Não é verdade. Eu e você sabemos disso. Você é bem mais, pode entregar muito mais. Eu já vi muito mais de você do que isso. Já tive muito mais.
- É esse o motivo disso então? Eu já te dei mais de mim antes?
- Não. E sim. Eu amei aquela mulher que entregava mais. Aquela que sabia o que queria, que abraçava apertado sem motivo e que ria alto na rua. Amei aquela mulher que não sabia ficar de fora, que ficava excitada na livraria e que chorava pelas dores dos outros. Eu amei aquela mulher, amei-a com a minha vida, mas agora ela se extinguiu.
- E eu sou a sobra? O que restou?
- Não. Você só... mudou.
- Faz parte. As pessoas evoluem, elas melhoram. Pelo menos, elas tentam.
- Nem toda mudança é positiva.
- Eu que o diga.
- E o que isso quer dizer?
- Você pode dizer o que quiser sobre a minha risada nas ruas, mas você também mudou. Ou você acha que era o único que tinha amor entre nós? Eu também amava o homem que você era. Eu amava o tom da sua voz, aquele tom de para sempre e retidão, e eu amava o seu compromisso com as causas certas, o seu carinho e dedicação, principalmente com quem não fazia por merecer. Eu amava todos os pequenos detalhes, e todas as grandes coisas, mas elas foram embora. Seu tom mudou e você agora é todo silêncio, e as causas certas o tempo roubou de você. E no final das contas, todas aquelas coisas que eu amava tanto, que eu admirava tanto, ficaram pra trás. Mas eu não. O meu amor não. Eu continuei a caminhada, eu continuei aqui, te amando a cada segundo, a cada mudança. Por que por mais que eu amasse tudo o que você era, eu amo você. Eu e você, juntos. E todas aquelas coisas que foram ou são ou serão ainda são você, e me fizeram chegar até aqui, nesse ponto exato onde meu peito explode amor. E você mudou, é verdade, e é provável que ainda mude. Mas isso não muda nada. Não em mim. Eu nunca vou aprovar tudo o que você é, por que você não é perfeito, assim como eu não sou. Isso é realidade, mas não termina amor. Por que eu amo você até nas possibilidades, sempre amei, e isso não vai mudar. É derradeiro.
E embora ele a mirasse assustado, ela não se acovardou, por que nunca o fazia. Sacudiu a cabeça, como quem afasta de sí aquela dúvida que ele carregava nos olhos. Ela nunca as deixava tomarem conta de sí, e ela nunca se consumia nelas. Ela vivia pelas certezas que carregava.
- No meu peito o amor só cresce, por que é de verdade, do fundo de mim. Mas se pra você era só parte, detalhe, se era amor pra pequenos traços que você já não pode ver, por favor, não se obrigue a ficar. Se pra você quem eu sou hoje não é suficiente, você está livre pra partir. Eu já decidi há muito tempo caminhar sem andar pra trás. Eu não me permito atrasos, e você sabe disso. Mas se você não quer me acompanhar... É dor, mas é a vida.
E ele a olhou como se a visse pela primeira vez, como se ela fosse outra, fosse nova, fosse inédita e pronta pra amar - e de certa forma, ela era. E ele se apaixonou de novo. Assim, simples. E ele amou aquela verdade que se exibia nos olhos, amou o discurso pausado e a certeza das palavras e dos sentimentos. Ele amou que fosse incondicional e que se deixava rasgar, mas não se trair. Ele amou que não voltasse atrás. Amou tudo; o que ela era, o que havia sido, o que ainda seria. Ele a amava, e era tudo.
E deu um passo a frente, sem vacilar, sem perguntar ou duvidar. As mãos tomaram o rosto familiar e os olhos a engoliram. Ele a queria e a tinha, e beijou-lhe os lábios com a promessa de não partir, não desistir, de amar possibilidades, ecos e segredos. E ela entendeu e aceitou, por que o queria, sempre quisera, e caminhar com ele sempre lhe soou como felicidade.
E não era perfeito, nunca seria, mas era amor, e sempre seria - ainda que mudasse, que deixasse de rir ou respirar. Era amor apesar de tudo, e o que ia por trás não era de todo importante, por que eles eram um só quando os dois, e mudariam juntos pra sempre ser. Por que eles eram amor apesar de - e a certeza era bonita de ver.