A bem da verdade quero dizer que não vejo sentido em você. Assim como não vejo sentido em poesia, em arte alternativa demais e em músicas que são gritadas em minhas orelhas a tal ponto que as palavras se tornam incompreensiveis. Eu não gosto de palavras inconpreensiveis. Eu gosto mesmo é de escutar, de ver, de tocar letra por letra da verdade indomável que você guarda, ainda que a contra gosto, por que tenta tirá-la do peito aos berros e solos malfadados da guitarra que você não sabe tocar. Mas você tenta. E continua tentando. E eu não vejo sentido em sua tentativa, tal como não vejo nos berros dos malucos da esquina, que tentam atingir no grito um bem que vem no silêncio, no ar, na alma. Então não te entendo, não entendo mesmo, e nem acho que você entenda. Você nem sabe o que está buscando, eu vejo nos teus olhos cinzentos, perdidos, vagueando nas letras do que você chama de rock, rebeldia e libertação. E não é que eu saiba pra onde vou, tampouco, mas precisava dizer; você está tão perdido quanto eu, talvez até mais que eu. E aí está você, gritando, fazendo tanto sentido quanto poesia, quanto arte contemporânea, moderna, feita de riscos, tintas e faixas. E incapaz de tocar em mim, de olhar pra mim, de me fazer sentir e achar sentido. E eu não acho o teu sentido, teu caminho, tua crença e não sei pra onde você vai, pra onde quer ir, pra onde quer que eu vá, de mãos dadas contigo ou não. E eu precisava dizer pra fazer você ver. Eu juro, no silêncio faz mais sentido. Prosa faz mais sentido. Traço faz mais sentido. Pra mim faz mais sentido. E eu gosto de sentido. E gosto de você. Não que isso faça algum sentido, é claro. Mas bem que podia fazer. Eu ia gostar de entender você, pra variar. Aposto que você ia gostar também. E descobrir que prosa é muito melhor que verso. Mesmo sabendo que, às vezes, poesia fala comigo. Você fala comigo. E aí tudo faz todo o sentido.
Mas nossa, que confusão.