Seus grandes olhos castanhos não estavam mais molhados por lágrimas, nem manchados pelo desespero. As pessoas ao redor repararam a diferença, mas não foram capazes de absorver o porquê. De algum modo, ela perdera a esperança.
Não acreditava mais.
Depois de tanto esforço, de tanto trabalho, o resultado era nulo, negativo.
Fechou os olhos, deixando o corpo absorver a música de fundo da sua alma, música que saia no ultimo volume da sua caixinha musical direto para os tímpanos, não dando a chance de ruídos externos ultrapassarem seu muro de contenção.
Ela queria ignorar as vozes que a rodeavam, queria ignorar os pedidos para não fazer. Era direito dela não ligar, não era? Era uma opção.
Machucava menos.
Era seu direito invocar um escudo de proteção, não era?
Dóia menos.
E tudo o que ela não queria era a dor.
A dor do não ser suficiente que voltava a sua vida, voltava a marcar presença no seu dia-a-dia. Só de pensar nisso, um sorriso inundou seu rosto. Mas não era seu sorriso habitual, era um sorriso sarcástico.
Voltando a estaca zero, afinal.
O escudo, por favor.