28 maio 2013

Resta um pouco mais


- Você está pronta?
Eu concordo com a cabeça, incapaz de pronunciar palavra, mas meu aceno é fraco. Tê-lo ali tão perto e tão inalcançável no dia que poderia - e deveria - ser nosso me dói o coração. Eu respiro fundo, e o ar sai entrecortado pelas lágrimas que não derramo.
- Não.
Ele ri.
- Mas você precisará estar, você sabe. Para vir comigo ou ir com ele, mas você precisará partir. Ficar já não é opção para nenhum de nós. Ficar ia doer demais.
- Eu sei. Eu só... quis tanto que fosse você. - Assumo incapaz de guardar as palavras por mais tempo. – Eu queria que fosse você me esperando lá em cima, que fosse seu nome nos convites e que fosse você nas fotografias. Eu queria que fosse você e queria que fôssemos nós. Como você prometeu que seria. Eu quis tudo isso, por tanto tempo. E agora não é mais justo.
 - Eu sei.
É tudo o que ele responde, e eu suspiro, guardando minhas lágrimas pra felicidade que eu sei que sentirei daqui a apenas alguns minutos, quando caminharei pelo tapete vermelho que me levará ao resto de minha vida e ao homem de meu futuro. O homem que não é esse que se senta ao meu lado agora, esse que eu amei tanto e com todo meu coração. Mas eu já não perco meu tempo procurando os porquês. Sei exatamente por que ele se foi, sei exatamente por que voltou e sei por que ainda o amo. Mas preciso esquecer. Preciso seguir em frente.
(Mas ele torna tudo tão difícil. Sempre tornou).
- E o engraçado – Ele começa, com um riso amargo que me sacode e machuca, por que eu me acostumara ao seu riso comigo. Seu riso feliz. – é que eu sempre achei que seria eu. Desde quando nós éramos duas crianças bobas que corriam de mãos dadas pelo campinho pra chegar à casa da árvore que seu irmão construiu pra você – e que caiu. Mas nós fizemos aqueles votos bobos e entalhamos nossos nomes na arvore estúpida que foi atingida pela droga do raio que trouxe tudo abaixo, anos depois. E talvez tenha sido um sinal de que a gente também viria a baixo, mas eu sempre achei que eu seria o cara que estaria no final do caminho quando você subisse a escadaria da pedra da Igreja com aquele sorriso que você sempre guardou só pra mim e o vestido branco mais bonito do mundo. Eu sonhei com a gente, quis nosso futuro, amarrei minhas esperanças ao redor de algo que a gente devia ter construído, mas esqueceu. E aí de repente tudo o que era nós dois havia ficado pra trás.
- A gente desistiu da gente. Doía demais.
Eu digo simplesmente, e ele demora, mas concorda com a cabeça. Eu me afasto então, tanto quanto posso, e longe de seu corpo o mundo me parece frio e sem graça. Respiro fundo mais de uma vez, reunindo forças para soltar sua mão ainda entrelaçada á minha da mesma maneira familiar de anos atrás. Mas minha tentativa é fraca, débil, e ele não me deixa libertar de seu aperto. De nosso contato. Nossos dedos se enroscam mais, rebelando-se, e a sensação do proibido é como um fogo no fundo de meu estomago.
(Mas o frio ainda parece me consumir).
- É hora.
E ele se levanta para então delicadamente fazer o mesmo comigo; o toque é gentil e sofrido, mas intenso. Não consigo olhá-lo nos olhos enquanto me ponho de pé.
- É adeus, acredito.
Eu tento, mas ele não me dá uma resposta e tenho medo de encará-lo, por que tenho medo do que verei no seu castanho-de-amor-perfeito. Nosso silêncio se estende, mas a falta de palavras parece uma declaração de amor cheia de versos. Tenho medo de escutá-los.
Caminhamos lado a lado em passos terrivelmente lentos pela ruela que sai da praia e acaba na escadaria. Sei que meu futuro me espera lá em cima, mas encarar os degraus parece o anuncio de um desastre. Eles são muitos. Muitos passos que precisarei dar para longe do meu menino. Do meu primeiro amor.
O tomara que caia branco, tão delicado quanto pude sonhar, me faz congelar ali a beira do mar, e o frio não me deixa soltar suas mãos. Respiro fundo mais uma vez e encaro a Igreja determinada a subir, mas o vestido de noiva, escolhido com tanto esmero, parece me puxar para baixo como se fosse tão pesado quanto uma ancora que me prende a ele, o cara errado da minha história de amor que não pude viver.
Meus pés hesitam por um segundo, mas dou o primeiro passo. Minha mão solta a dele enquanto o faço.
- Eu ainda amo você.
Ele implora, e minhas lágrimas caem, apesar de meu esforço.
 - Eu também.
Não consigo evitar responder. E, de repente, tenho medo do que me espera na Igrejinha sobre o mar. Cruzo meus braços ao redor de mim, procurando desesperadamente meu próprio apoio e calor.
- Vem comigo, menina. Vamos fugir.
Ele pede mais uma vez e eu fecho meus olhos, no segundo mais intenso que já vivera até então. Minha mente está tão revolta quanto as ondas na prainha entre as pedras, mas tento acalmar minha maré. Tento domar meu coração.
Coloco de volta as luvas que tirei quando nos sentamos à beira da praia, num exercício que parece levar a eternidade, mas que me é essencial. Estou testando meus limites e minha determinação.
Não me viro.
- Eu não posso, menino. Eu queria ser corajosa e eu queria te amar mais do que a mim mesma mais uma vez e te seguir daqui pra sempre, mas não posso. Não posso mais. Agora, eu me amo mais e amo também a mais alguém, que entendeu e acolheu e amou essa parte de mim que você quebrou. E eu amo nós dois, o que nós podemos ser. Eu e você tivemos nossa chance e gravamos para sempre na casa que ficava naquele carvalho velho, mas, no final, fomos atingidos por um raio. A gente pegou fogo, queimou e morreu, como a arvore de nossa infância para qual fizemos os votos bobos. Você mesmo disse: a gente ficou pra trás, no final das contas.
- Mas o amor não. O amor resistiu e floresceu de novo. Você sente também, você me disse.
E eu respiro e abro meus olhos e me viro para encará-lo, meu sempre eterno primeiro amor cujos olhos castanhos me dominam a alma desde sempre. E eu sorrio por que ele é lindo e eu posso ver amor nos seus olhos, posso ver todo nosso futuro que nunca será, todos os dias que nunca viveremos e os filhos de cabelos cacheados e olhos amorosos que nunca daremos à luz. E eu sorrio adeus para a vida que não teremos, por que, mesmo que eu o ame, eu também preciso me amar.
- Eu sempre vou te amar, menino. Mais do que me é recomendável, mais do que eu devia, mais do que o pouquinho que um deve sempre amar o seu primeiro amor depois de tanto tempo. Mas a gente acabou e eu vou ser feliz sem você, por que eu aprendi a seguir em frente. E não de qualquer maneira, não para tapar o buraco que você deixou. De verdade, com amor, com risada e vida e um par de olhos azuis tão feitos de paraíso que eu não preciso mais olhar pro céu. Então, não, menino, eu não vou fugir, independente do que nos resta. Eu vou me casar agora.
(...) E eu não me despeço nem digo mais qualquer palavra, apenas sorrio com meu castanho-que-foi-feito-para-o-azul e subo os degraus sem qualquer hesitação, o vestido branco me fazendo pertencer a paisagem como se ali fosse meu lugar. E, quando eu chego lá em cima e me prostro na entrada e todos se levantam e eu encontro os olhos azuis-de-amor-daqui-pra-sempre daquele que eu escolhi para ser o amor do meu futuro, eu sei que aquele é, exatamente, o lugar onde pertenço.

21 maio 2013

Reticente


- O que você está fazendo?
Ele pergunta, meio assustado, meio sem palavra.
Ela nem pisca.
- Estou me embalando em dor, o quê mais?
E ele suspira, subitamente cansado.
- As vezes eu me pergunto por que você insiste em ficar revisitando velhas escolhas, antigos sorrisos e todos esses lugares dentro do teu peito que te machucam. Por que você insiste em se perder onde eu não estou.
- Talvez a questão seja justamente não te encontrar.
- É isso o que você esconde, então? Que, na verdade, não me quer?
- Eu nunca escondi isso de você. Nunca fiz nada além de te dizer o que eu não queria. A culpa não é minha se você é afeito a nutrir esperanças vãs e esperar o abrir de portas fechadas. O abrir de paredes.
- Então agora a culpa é minha?
- Pela sua decepção? É claro que é.
E ele fica em silêncio, guardando as palavras e a dor que é pra ver se aprende alguma lição (ele não está confiante).
- Eu nunca te disse para esperar. Eu nunca disse talvez depois. Eu disse não.
- Eu só... se eu insistisse, eu...
- A resposta continua sendo não. Você sabe disso. E quando você começou a namorar achei que tivesse seguido em frente e que nós finalmente poderíamos ser apenas amigos.
- Eu também. – Ele admitiu. – Mas, depois que acabou, eu só pensava em você.
Ela revira os olhos, claramente desgostosa com a resposta.
- Eu não quero ser seu calcanhar de Aquiles.
- Não acho que você tenha escolha.
Ele resmunga, e ela estreita os olhos.
- Na verdade, eu tenho.
- É mesmo?
A voz dele é puro deboche. Ela não responde de imediato, olhos fechados, como quem pesa suas opções. Ele não gosta do ar resoluto que ela exibe.
- Eu não quero mais ver você.
- O que?
- Não quero mais falar com você. Chega de chat, de e-mail, de mensagem, de ligação as duas da manhã. Não é sadio pra você e me deixa irritadíssima.
- Você nunca pareceu irritada.
- Não é a ligação que é o problema. É você. É o seu motivo pra ligar.
- Não seja ridícula.
- É isso mesmo. Estou cortando nossos laços, feito criança. Por que você não quer ser meu amigo e eu não quero ser nada além disso, então não faz sentido nenhum continuar isso aqui. Soa até fingido. Cheio de segundas intenções, de desejos que não vão se realizar.
- Isso não faz sentido nenhum. Nós temos amigos em comum, sabe. A gente vai se ver, queira você ou não.
- Se acontecer da gente se encontrar, o que eu duvido, por que nunca acontece, existe um contrato social chamado cordialidade. Nós podemos usá-lo.
Ele a encara, abobado, e ela não exibe nada além de certeza. A resolução dela assenta em sua mente, seu peito, e ele suspira. Ele sabe que ela não vai mudar de ideia.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Então, é isso? Eu simplesmente tenho que te dar adeus e nunca mais te ver? Todos esses anos, as conversas, os segredos, as verdades, tudo morre?
- É.
Ela concorda tão rápida e facilmente que por um segundo estranho em que ele se magoa, ele acolhe essa como a melhor opção: ela é tão egoísta, afinal de contas. Ela só o magoa, desde o começo. E ele só fez amá-la mais, como o bom idiota que é.
Ele sacode a cabeça, sabendo que provavelmente vai ligar pra ela de novo, que vai pedir para vê-la de novo e que ela, mais cedo ou mais tarde, vai acabar cedendo, esquecendo a separação, desistindo pela necessidade de um ombro amigo. Ele a conhece bem e ele sabe esperar (e ele se odeia por ainda acalentar essa esperança).
Mas, por hora, eles precisam dizer adeus e ele não sabe como se despedir.
Ele está tentado a dar-lhe um abraço, a guardar um pouco mais dela nos pulmões, dessa vez, mas ela acha melhor dar um passo pra trás, no final, das contas.
- Eu vou por ali. – É tudo o que ela diz, os olhos sem a sombra de qualquer hesitação ou dúvida, sem dor ou lágrimas. Ela não o ama, ele sempre soube, mas ver a ausência nos olhos castanhos que ele adora é sempre um pouco mais problemático do que devia. Dói sempre um pouco mais do que o aceitável.
Ele finalmente concorda com a cabeça e indica outro caminho qualquer que ele mesmo vai seguir calçada afora. Se separam em passos rápidos, sem olhar pra trás.
E assim silenciosa e reticente, esperançosa e cheia de um futuro que nunca será, morre sua amizade.


16 maio 2013

Gentilmente

Ele segurou meu rosto com tanta delicadeza que pensei imaginá-lo por um instante. Eu estava tão envergonhada. Seus olhos iam tão profundos nos meus que eu sentia me afogar em todas as pequenas valas do seu colorido. Ainda sim, eu não pude divisar a cor. As nuances.
Se eu fosse capaz, teria corado e baixado os olhos, como as meninas dos filmes antigos. Mas eu não era como elas. Então apenas fiquei estática, quase que assustada, entre as mãos daquele sujeito encantador.
- Observei você a noite toda.
Ele me diz, tão de perto e tão baixo que eu reprimi um suspiro.
- Fico quase lisonjeada de saber.
- Quase?
- Bem, eu teria ficado de verdade se tivesse vindo falar comigo antes.
Ele sorri.
- Não sou tão corajoso quanto pareço.
- Eu sou assim tão assustadora?
- Assustadoramente linda.
- Tudo bem, - eu sorrio - você se saiu bem nessa.
- Bem, eu levei todo esse tempo, o mínimo que eu podia fazer era estar preparado.
- Você não passou a noite toda ensaiando respostas, não é?
- Nah, é um talento completamente natural.
- Posso ver.
Eu digo, incapaz de deixar de sorrir. Ele parece reparar.
- Está aí um sorriso bonito.
- Bem, nada de falsa modéstia. Ao meu sorriso eu dou o prêmio de beleza.
- Merecido.
Ele diz, e parece sincero. Eu o detesto por parecer sincero. Por que eu sei bem que, nessas noites onde a música é alta e o local é escuro, nenhuma palavra carrega a verdade que deveria. Nem mesmo as minhas.
Remexo meus cachos, incapaz de me controlar, de me manter parada. A mirada dele em mim é fixa, intensa e acolhedora, e me toca de maneira diferentes, mesmo agora quando ainda estamos a vários passos de distancia. É terrível por que parece de verdade, e eu sei melhor do que acreditar em amor de uma única noite. Eu já aprendi bem.
Não conto quantas palavras nós trocamos antes do primeiro beijo. Ele é doce e brinca de ir e vir, e se afasta e me abraça como quem sabe que eu tenho valor e devo ser conquistada devagar, e eu o detesto por me fazer acreditar que ele está sentindo isso dentro das veias.
Não me impede de deixar que ele se aproxime, no entanto. Não me impede de me deixar tocar por seus lábios. Sei melhor do que me abster por causa de meus princípios românticos. Estou ciente da baixa probabilidade - quiçá impossibilidade - de achar sentimento em noites como essas. Eu digo a mim mesma que não me incomodo. É mentira, mas eu finjo não ligar. É que, as vezes, tudo o que precisamos é um roçar de lábios e que suspirem gentilmente sobre nossos segredos, nossos sorrisos, nossas fraquezas. E então tudo se resumirá a um romance de duas canções e de beijos suaves, a um enlace íntimo demais para desconhecidos, um carinho de olhos fechados e um adeus cheio de vontade de ficar (mas não, não de verdade).
A verdade é que, as vezes, só precisamos de alguém que venha e vá, assim, gentilmente. Alguém que apareça de repente, que nos ame brevemente e que, tão inesperadamente como surgiu, vire poeira, fumaça, luz de boate. E aquela história de amor (que nunca foi) fica pra trás e assim gentilmente,
                                                                        s u a v e m e n t e,
                                                                                      ela se  a.c.a.b.a...

11 maio 2013

Frágil



- Você acha que eu posso deitar aí com você?
    Ele pergunta, de repente, no peito ardendo a urgência de estar mais próximo, estar com ela. Ana relanceia olhares ao redor e morde o lábio inferior, a expressão moleca que ele tanto gosta surgindo ainda linda no rosto magro demais depois de uma semana no soro.
- Faz favor, que eu tô com um frio danado e você tá com cara de quentinho.
    Ele ri, e se encaixa na cama ao lado dela, passando os braços pelo corpo magro de tal modo que ela se acomoda exatamente sobre seu peito. Por minutos inteiros eles falam de amenidades e respiram juntos, e ele brinca com os cachos do cabelo dela enquanto fala das questões das suas provas e das bobeiras dos amigos, sem reparar realmente no que fazia. Ela é tudo o que retém sua atenção quando estão juntos.
    Ela pega no sono em algum momento, e ele gosta do silêncio confortável que se instala no quarto fechado. Os minutos parecem passar cada vez mais lentos, no entanto, e o conforto finalmente some quando ela parece pegar fogo entre seus braços, adquirindo por fim uma temperatura que ele não pode mais fingir que é normal.
    Ele suspira, sabendo que precisa chamar o médico mesmo que ela fique possessa por que, se a febre voltou, algo certamente está errado e ela não poderá sair do hospital na manhã seguinte. Ele a abraça mais apertado, por um segundo amedrontado com as possibilidades.
- Você está fervendo, Ana.
    Ele sussurra, a voz quase um lamento. Ela resmunga.
- O tempo está frio, aposto que é por isso.
- Nem tão frio assim, princesa. – Ela faz um muxoxo. – Preciso chamar seu médico. É naquele botãozinho?
     Ele pergunta, apesar de não ter certeza de que ela está com os olhos abertos.
- Mas está tão confortável agora que você está aqui.
- Eu sei. Mas você precisa ser medicada.
- Eu só quero você.
     Ela diz, se enterrando mais fundo nos braços dele, os olhos fechados e a expressão suave. É nessas horas, quando ele a tem entre os braços, que ele mais a ama. Quando ela parece feita para que ele a proteja.
    Ele beija sua testa.
- Vou ficar. Dar uma chance a sua mãe para dormir em casa, pra variar.
- Ela vai gostar. Vai sim.
    Ele ri, e ela tosse enquanto se ajeita. O som seco e doído é o suficiente para animá-lo a finalmente apertar o tal botão. Agora, a enfermeira vai chegar na sala logo e ele imagina que seja melhor descer da cama da namorada, mas não consegue reunir a coragem. Ela parece tão completamente vulnerável, e as tossidas parecem ter tomado conta de seu corpo inteiramente. Ele a segura enquanto ela se sacode, tão frágil que parece prestes a quebrar. Somente a ideia já o apavora.
    Quando ela finalmente para, ele desce da cama e a cobre, mas ela imediatamente se encolhe.
- Agora está muito, muito frio mesmo nesse quarto.
    Não existe uma única célula nele que não esteja pedindo para voltar a cama do hospital com ela. Mas o bom-senso leva a melhor.
- Vou chamar a enfermeira logo, então...
- Eu não vou ficar sozinha. Não dê um passo pra fora desse quarto. 
     Ela diz, e apesar de firme, a voz é fraca e baixa. Ele puxa a cadeira pra perto da cama e se senta, entrelaçando a mão na dela.
- Sempre com você, enquanto você me quiser.
- Bom. Por que eu quero mesmo você.
     Ela tenta responder tranquilamente, mas um acesso de tosse a impede. Ele espera enquanto ela se refaz.
- Eu não vou sair amanhã, né?
     Ele fica em silêncio por um segundo.
- Acho que não, princesa. Acho que vai demorar mais um pouco.
     E aí ela suspira.

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