E eu me olho no espelho e a improbabilidade daquela situação
me parece tanta que, por um segundo, eu duvido que esteja de fato acontecendo.
Mas está lá, a mascara e o sorriso e o batom e as tiras de couro, e eu não
consigo evitar pensar nele.
E aquela conversa boba no trem que subia a ladeira do cartão
postal da minha cidade sorriso de repente parece fazer tanto sentido e eu me sinto
tão carente sem você que eu me escondo atrás da máscara.
"Eu poderia ser o batman".
"Não, não".
"Batgirl, então. Eu poderia ser batgirl. Mas eu não gosto muito
dela, pra ser sincera".
E ele para, e ele me analisa, e ele pensa por um segundo
antes do sorriso tomar os lábios e os olhos me tomarem inteira e as palavras saírem
e eu guardar, eu marcar no peito, eu imaginar a figura e as conotações e o elogio que vai por baixo de cada letra que ele pronuncia.
"Você poderia ser a mulher gato".