06 abril 2012

Cinza-solidão.

Vou sufocando, devagar, aos olhos de todos. Bem ás vistas, que é pra não restar dúvida de que me falta o ar. Vou submergindo, afundando, incapaz de estender a mão e encontrar a beira, a bóia, o cais. Vou sufocar. Vou me afogar. Vou afundar. Me perder. E eu já não sei se é lágrima ou mar ou água ou chuva ou ar, só que a dor é tão intensa que até o céu se deu ao trabalho de mudar de cor pra me acompanhar. E de repente tudo é cinza, tudo é cimento, concreto, e até os passarinhos ficam em silêncio, com medo do bater de asas quebrar o que resta de mim. É que de repente, sou mais frágil que vidro. Uma única brisa e me vou, perdida pra sempre, cacos ao chão. E a dor é tanta e tão sorrateira, que não sei reagir. E meu corpo para, incapaz, encolhendo quando devia esticar, buscando ar, o sentido, o motivo, a alguma coisa que devia me fazer viver. É que eu não sei viver. E ninguém me segura, ninguém me acompanha e sozinha parece tão pior. E eu me culpo pela solidão, me culpo por não me saber levar, me culpo por minha infelicidade, por que a culpa é mesmo minha, por que a vida é minha e as rédeas quem tem na mão sou eu. Mas não sei guiar, nunca soube, e sabe Deus se algum dia vou aprender. E é só nele que eu confio, só nele que vai minha fé, por que sua companhia silenciosa é a única que eu tenho, e apesar de saber que está lá a falta do toque me dói na alma. E como dói, como escorre a lágrima, como falta o fôlego mesmo quando eu penso na caminhada que me vai pela frente e tudo bem que podia melhorar. E como é triste quando o céu está cinza. Como é triste gostar tanto de azul e não saber colorir.

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