19 junho 2011

Sobre florestas e lobos.



  Devaneei sobre meus sentimentos e encarei seus olhos vermelhos, que brilhavam selvagens e cheios de violência para mim. Sorri.
  Ele era uma espécie rara. Foi particularmente difícil encontrá-lo na floresta cheia de ruídos, onde sua respiração era facilmente encoberta pelo barulho das folhas caindo e do vento rugindo nas árvores. Mas eu o encontrara, o domara e garantira, pelo ritual certo, que ele era agora meu, ainda que ele não gostasse disso. Ainda que todo o seu ser quisesse - e talvez até fosse capaz - de me reduzir a pedaços, seu sangue era meu,  e, como meu vassalo, ele me devia obediência. Me devia sacrifício. Senti meu corpo tremer com o poder conquistado e fechei os olhos absorvendo a gostosa sensação de ter o controle. Quando os voltei a ele, o lobo ainda me encarava, consciente do fato de que nunca mais teria liberdade. Que estaria para sempre atrelado a mim. Uivou, captando meus pensamentos.
- Se comporte. Meu querido cachorrinho.

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