09 setembro 2010

Recisão

Afrouxei os laços em volta dos seus pulsos, porque sei que não és minha.
Afastei de mim, a passos lentos, a devoção e a incondicionalidade que sempre nos rodeou, por que já entendi que sou apenas eu. Não quero entrar no mérito do "sempre fui" por que mesmo imaginar solidão por tanto tempo já me machuca. Me enche os olhos d'agua.
Agradeci em voz baixa - e em letras apologéticas - por todos os anos e por todas as lembranças, que são apenas o que levarei comigo.
Acenei meu adeus seco e sentido, sorrindo forçado e me recusando a pensar em traição.
Assinei os termos, dei meia volta e chorei meu pranto sem lágrimas e sem sinais - meu sofrimento era só resquicio e já não tinha mais graça ou sentido, nem mesmo para mim.
Tranquei nossas fotos numa caixa no alto do armário e recebi a solidão a pão-de-ló. Se ela era tudo o que eu tinha, que fosse ao menos bem tratada, para que depois, não saísse reclamando de solidão.

Um comentário:

agora é a hora em que você rabisca a sua mensagem no meu infinito pessoal :)


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